I ain’t gonna work on Maggie’s farm no more
No, I ain’t gonna work on Maggie’s farm no more
Well, I wake in the morning
Fold my hands and pray for rain
I got a head full of ideas
That are drivin’ me insane
It’s a shame the way she makes me scrub the floor
I ain’t gonna work on Maggie’s farm no more
I ain’t gonna work for Maggie’s brother no more
No, I ain’t gonna work for Maggie’s brother no more
Well, he hands you a nickel
He hands you a dime
He asks you with a grin
If you’re havin’ a good time
Then he fines you every time you slam the door
I ain’t gonna work for Maggie’s brother no more
I ain’t gonna work for Maggie’s pa no more
No, I ain’t gonna work for Maggie’s pa no more
Well, he puts his cigar
Out in your face just for kicks
His bedroom window
It is made out of bricks
The National Guard stands around his door
Ah, I ain’t gonna work for Maggie’s pa no more
I ain’t gonna work for Maggie’s ma no more
No, I ain’t gonna work for Maggie’s ma no more
Well, she talks to all the servants
About man and God and law
Everybody says
She’s the brains behind pa
She’s sixty-eight, but she says she’s twenty-four
I ain’t gonna work for Maggie’s ma no more
I ain’t gonna work on Maggie’s farm no more
No, I ain’t gonna work on Maggie’s farm no more
Well, I try my best
To be just like I am
But everybody wants you
To be just like them
They sing while you slave and I just get bored
I ain’t gonna work on Maggie’s farm no more
Bob Dylan
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
The Return of the Sith
I say again that, because we don't expect to overthrow governments, abolish world capitalism, make civilization vanish, turn everyone in the world into walking buddhas, or cure all social and economic ills, we don't have to wait for anything. If ten people walk beyound civilization and build a new sort of life for themselves, then those ten are already living in the next paradigm, from the first day. They don't need the support of an organization. They don't need to belong to a party or a movement. They don't need new laws to be passed. They don't need permits. They don't need a constitution. They don't need tax-exempt status. For those ten, the revolution will already have succeeded. They probably should be prepared, however, for the outrage of their neighbors.
Daniel Quinn, em Beyond Civilization, 1999
Civil Disobedience
How can a man be satisfied to entertain an opinion merely, and enjoy it? Is there any enjoyment in it, if his opinion is that he is aggrieved? If you are cheated out of a single dollar by your neighbor, you do not rest satisfied with knowing that you are cheated, or with saying that you are cheated, or even with petitioning him to pay you your due; but you take effectual steps at once to obtain the full amount, and see that you are never cheated again. Action from principle — the perception and the performance of right — changes things and relations; it is essentially revolutionary, and does not consist wholly with anything which was. It not only divides states and churches, it divides families; ay, it divides the individual, separating the diabolical in him from the divine.
Thoreau's Civil Disobedience, 1849
O Batuque
Vagas constelações de pirilampos
Ponteiam de oiro a densa noite escura.
Há um trágico silêncio na espessura
Dos matagais e na amplidão dos campos.
O batuque dos negros apavora.
Anda o saci nas moitas, vagabundo,
E almas penadas, almas do outro mundo,
Passam gemendo pela noite em fora.
Só, no ranchinho de sapé coberto,
Encosto o ouvido à taipa esburacada,
E ouço um curiango que soluça, perto...
Lambe a fogueira os últimos gravetos,
E pela noite rola, magoada,
A cantiga nostálgica dos pretos.

Ideologia e Utopia
[Nosso] estado de espírito é utópico porque, no pensamento e na prática, se orienta para objetos que não existem na situação real. Mas também porque transcende a realidade e, ao informar a conduta humana, tende a destruir, parcial ou totalmente, a ordem das coisas predominante no momento.
Karl Mannheim, 1958
Ideologia e Utopia
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
A caverna

Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quisá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes
Battre
Inversão de perspectiva
Um dia o senhor Keuner foi perguntado sobre o que ele queria dizer com 'inversão de perspectiva', e ele contou a seguinte história. Dois irmãos muito apegados um ao outro tinham uma mania curiosa. Marcavam com uma pedra os acontecimentos do dia, uma pedra branca para os momentos felizes, uma pedra preta para os instantes de infelicidade e desprazer. À noite, quando comparavam o conteúdo do jarro em que eles colocavam as pedras no final de cada dia, perceberam que um deles só continha pedras brancas, e o outro só continha pedras pretas. Intrigados por essa constância cm que vivam o mesmo destino de modo totalmente diferente, combinaram aconselhar-se com um homem famoso pela sabedora de suas palavras. 'Vocês não fala o bastante um com o outro', disse o sábio. 'Que cada um apresente os motivos da sua escolha e explique-os para o outro'. Assim fizeram desde então. Logo verificavam que o primeiro permanecia fiel às pedras brancas e o segundo às pedras pretas, mas em cada jarro havia diminuído o número de pedras. Em vez de trinta, só havia agora sete ou oito. Pouco tempo tinha se passado quando o sábio recebeu nova visita dos dois irmãos. Traziam no rosto os sinais de uma grande tristeza. 'Não faz muito tempo, disse um deles, o meu jarro ficava cheio de pedras de cor-da-noite, o desespero habitava-me permanentemente, confesso que estava reduzido a viver por inércia. Agora, raramente coloco lá mais que oito pedras, mas aquilo que representam esses oito sinais de miséria é tão intolerável para mim que já não posso viver em semelhante estado'. E o outro: 'Quanto a mim, todos os dias amontoava pedras brancas. Agora só conto sete ou oito , mas essas me fascinam tanto que não posso evocar esses instantes felizes sem que deseje imediatamente revivê-los com mais intensidade e, para dizer a verdade, eternamente. Esse desejo me atormenta'. O sábio sorria ao escutá-los. 'Excelente, excelente. Tudo está correndo bem. Continuem. Só mais uma palavra. Havendo oportunidade, perguntem-se: por que motivo nos apaixona tanto o jogo do jarro e das pedras?' Quando os dois irmãos encontraram de novo o sábio foi para declarar: 'Pensamos no assunto, mas não obtivemos resposta. Então perguntamos à aldeia inteira. E veja o alvoroço que causou. À noite, sentadas do lado de fora das casas, famílias inteiras discutem a respeito das pedras brancas e das pedras pretas. Só os chefes e os poderosos se mantêm afastados. Preta ou branca, uma pedra é uma pedra e todas valem o mesmo, dizem eles troçando'. O velho não escondia o contentamento. 'O caso segue o curso previsto. Não se preocupem. Não tardará que a questão deixe de se pôr. Ela se tornou desprovida de importância e chegará o dia em que duvidareis de que algum dias as tenhais levantado'. Pouco depois, as previsões do velho foram confirmadas do seguinte modo. Uma grande alegria tinha se apoderado das pessoas da aldeia. Na madrugada de uma noite agitada, o sol iluminou, empaladas e separadas do corpo, as cabeças recentemente cortadas dos poderosos e dos chefes.
Raoul Vaneigem,
A arte de viver para as novas gerações.
Manifesto of the Phantom Tree Planters
Planting trees opens our hearts to Nature's wisdom. Nurturing them gives exposure to life's vulnerability and teaches how to build ecological and human community.
We plant trees not for ourselves, but for those who will follow. Life gives unto life, and by dancing to its rhythms we can enjoy with clear conscience what has been handed down from the past.
Many people have never planted a tree because they think they do not own land This is mistaken. We are all children of the Earth. We share equally in the valleys, hills, rivers and seas. Let us no longer be deceived otherwise!
Phantom Treeplanters have no formal organisation, no joining fee, and only the Earth holds its membership list throughout time. To belong, simply plant a tree without expectation of material gain, help care for existing ones, or hold in your heart what they mean.
With due sensitivity, plant trees on any land and in any place where they have a chance of surviving. Do not be put off by feeling you always have to get permission. Nature sows without asking. You are part of nature. Reconstituting the world is a duty and a right which extends beyond legal concepts of land ownership.
You can buy suitable native species from nurseries. But better still, root a length of willow in a bottle or collect and sow seed from original local sources. Is it too long to wait for an acorn to grow? Maybe you do not need to live so fast that only instant results satisfy. Try starting some trees in a deep pot on the window ledge or dig up a stretch of lawn. Never mind if you cannot foresee where to transplant the seedlings. Grow them first. Life will work out the rest. when the time is right.
Do not worry too much about losses. Accept these as part of the process. Take heart that other treeplanters are also at work. What matters is not individual success or failure, but the overall process we share in.
Planting trees is about making love with the Earth. Phantom planting recreates wildness. So let us live and love wildly. Let us not be afraid to grow and change.
Let us celebrate - life itself.
An article from Do or Die Issue 5. In the paper edition, this article appears on page(s) 70.
http://www.eco-action.org/dod/index.html
We plant trees not for ourselves, but for those who will follow. Life gives unto life, and by dancing to its rhythms we can enjoy with clear conscience what has been handed down from the past.
Many people have never planted a tree because they think they do not own land This is mistaken. We are all children of the Earth. We share equally in the valleys, hills, rivers and seas. Let us no longer be deceived otherwise!
Phantom Treeplanters have no formal organisation, no joining fee, and only the Earth holds its membership list throughout time. To belong, simply plant a tree without expectation of material gain, help care for existing ones, or hold in your heart what they mean.
With due sensitivity, plant trees on any land and in any place where they have a chance of surviving. Do not be put off by feeling you always have to get permission. Nature sows without asking. You are part of nature. Reconstituting the world is a duty and a right which extends beyond legal concepts of land ownership.
You can buy suitable native species from nurseries. But better still, root a length of willow in a bottle or collect and sow seed from original local sources. Is it too long to wait for an acorn to grow? Maybe you do not need to live so fast that only instant results satisfy. Try starting some trees in a deep pot on the window ledge or dig up a stretch of lawn. Never mind if you cannot foresee where to transplant the seedlings. Grow them first. Life will work out the rest. when the time is right.
Do not worry too much about losses. Accept these as part of the process. Take heart that other treeplanters are also at work. What matters is not individual success or failure, but the overall process we share in.
Planting trees is about making love with the Earth. Phantom planting recreates wildness. So let us live and love wildly. Let us not be afraid to grow and change.
Let us celebrate - life itself.
An article from Do or Die Issue 5. In the paper edition, this article appears on page(s) 70.
http://www.eco-action.org/dod/index.html
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Congresso Internacional do Medo
Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
Carlos Drummond de Andrade
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
Carlos Drummond de Andrade
Samba de Classe Média
A cada primeiro sábado do mês, a quadra da escola de samba do morro Santa Marta, em Botafogo, tem sido lotada por um público novo - a maioria de cariocas que nunca estiveram na favela. O motivo é o evento "Morro de Alegria", promovido desde setembro por um bloco de carnaval da Zona Sul, o Spanta Neném.
De acordo com os organizadores, a última edição do evento teve os ingressos esgotados horas antes do início e atraiu cerca de mil pessoas.
Para Diogo Castelão, um dos dez integrantes do Spanta Neném, o sucesso de público na favela não seria possível sem a Unidade de Polícia Pacificadora (UPPs), implantada no morro Santa Marta há dois anos.
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Oaxaca

November 10, 2006
The first question I´m usually asked these days is, "What made you decide to move from new Yorki City to Oaxaca, Mexico?"
This brings to mind some dialogue from the movie Casablanca:
Captain Louis Renault (Claude Rains):
- What in heaven´s name brought you to Casablanca?
Rick Blaine (Humphrey Bogart):
- My health. I came to Casablanca for the waters.
Captain:
- The waters? What waters? We´re in the desert!
Rick:
- I was misinformed.
My daughter, Emily, wife, Betty and I didn't move here July 2006, for the waters, but for a year-long sabbatical. What we didn't come for was an exploding political situation, but we got anyway.
Since may, the teachers of Oaxaca have been encamped in the town suqre (Zócalo). this striker has been an anual event for the last twenty-five years and usually lasted a couple weeksor until their demands for pay raises and funs for school were met. For the first time in the strike's history, the new governor, Ulises Ruíz Ortíz (URO), decided not to agree to their demands. Instead, on June 14th at 4:30 a.m, he sent in riot police in an attempt to forcibly expel them.
This attack completely backfired. Not only were the strikers not envicted, their demands and their numbers expanded. They were joined by a larger coalition of unions, the APPO (Asemblea popular de los Pueblos de Oaxaca) who declared the strike would not end unless governor Ulises stepped down.
Since then, tensions rose and fell with periodic police actions against strikers, but they didn't budge.
After more than 5 months of unrest, the xit hit the fan. On Friday October 27th the governor thugs attacked strikers, killing 3 teachers and an American journalist. this pressured Mexico's presidente into ordering federal troops into Oaxaca the next day.
The Policia Federal Preventiva (PFP), as the federal troops are called, attacked the strikers and took over the Zócalo. As of this writing the Zócalo is no longer an encampment of teachers, but has been replaced by an encampmet of military forces. The governor is refusing to leave office, even as pressure mounts from all sides, including from his party.
So our move has been everything we'd hoped for - barricades, mayhem and lots and lots of riot police, all trumped by every-thing else this adventure has to offer. Water or desert, Oaxaca remains a fantastic choice.
Peter Kuper

Primavera Nos Dentes
Quem tem consciência pra ter coragem
Quem tem a força de saber que existe
E no centro da própria engrenagem
Inventa a contra mola que resiste
Quem não vacila mesmo derrotado
Quem já perdido nunca desespera
E envolto em tempestade, decepado
Entre os dentes segura a primavera
Quem tem a força de saber que existe
E no centro da própria engrenagem
Inventa a contra mola que resiste
Quem não vacila mesmo derrotado
Quem já perdido nunca desespera
E envolto em tempestade, decepado
Entre os dentes segura a primavera
João Ricardo/João Apolinário
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Para quando chegar a noite
Para quando chegar a noite
E a tristeza em toda parte
Para quando chegar a hora
E você já sem saber se é agora
Ou se foi apenas alarme falso
Para quando o cego a beira da estrada pedindo auxílio
E o poeta já sem palavras em seu delírio
Apenas cale
Para aqueles dias nublados
Cheios de nuvens e peso
Cheios de nada se arrastando
Para quando faltar o tom
Sobrar apenas som em vão
E você sem ir nem vir
Apenas entre no trem e veja pela janela estações ao acaso
Raimundo Beato
E a tristeza em toda parte
Para quando chegar a hora
E você já sem saber se é agora
Ou se foi apenas alarme falso
Para quando o cego a beira da estrada pedindo auxílio
E o poeta já sem palavras em seu delírio
Apenas cale
Para aqueles dias nublados
Cheios de nuvens e peso
Cheios de nada se arrastando
Para quando faltar o tom
Sobrar apenas som em vão
E você sem ir nem vir
Apenas entre no trem e veja pela janela estações ao acaso
Raimundo Beato
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Exhaustion and Senile Utopia of the Coming European Insurrection
"Following the Greek crisis, the monetarist dogma has been strongly reinforced, as if more poison could act as an antidote.
(...)
In Paris, London, Barcelona, Rome, and Athens, massive demonstrations have erupted to protest the restrictive measures, but this movement is not going to stop the catastrophic aggression against social life, because the European Union is not a democracy, but a financial dictatorship whose politics are the result of unquestioned decision-making processes.
Peaceful demonstrations will not suffice to change the course of things and violent explosions will be too easily exploited by racists and criminals. A deep change in social perception and social lifestyle will compel a growing part of society to withdraw from the economic field, from the game of work and consumption. These people will abandon individual consumption to create new, enhanced forms of co-habitation, a village economy within the metropolis."
Franco Berardi Bifo
retirado de http://www.e-flux.com/journal/view/191
(...)
In Paris, London, Barcelona, Rome, and Athens, massive demonstrations have erupted to protest the restrictive measures, but this movement is not going to stop the catastrophic aggression against social life, because the European Union is not a democracy, but a financial dictatorship whose politics are the result of unquestioned decision-making processes.
Peaceful demonstrations will not suffice to change the course of things and violent explosions will be too easily exploited by racists and criminals. A deep change in social perception and social lifestyle will compel a growing part of society to withdraw from the economic field, from the game of work and consumption. These people will abandon individual consumption to create new, enhanced forms of co-habitation, a village economy within the metropolis."
Franco Berardi Bifo
retirado de http://www.e-flux.com/journal/view/191
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Metaformose *
Se meta foi
morfoussefoi
em fora foi
meta de dentro
meta de fora
afora fôra
metade onde?
nem dentro era
já não se era
se meta fosse
metamor fôra
amor se era
metamorfosse
se meta amor fosse
então
meter-se fosse
o metro nela
matar se era
morrer se nela
não rege
gera
regenegera
a fôrma forma
metamorforma
amor se fôra
morfosse fossa
na meta fora
me fosse fossa
em fossa sendo
me
ter
se fosse
me ser seria
mas já não era
metamorfoi
me ter amor
armar se fosse
a forma sendo
mestar me morfa
em nela sendo
a forma ao centro
nem dentro era
afora sendo
morfou-se ar
em vento fôra
em se se forma
formar se fora
em mar se firma
morfosear
em meta fora
já fora há
em meta forma?
metamorfoi
Salvador Passos
*título inspirado em Leminski
morfoussefoi
em fora foi
meta de dentro
meta de fora
afora fôra
metade onde?
nem dentro era
já não se era
se meta fosse
metamor fôra
amor se era
metamorfosse
se meta amor fosse
então
meter-se fosse
o metro nela
matar se era
morrer se nela
não rege
gera
regenegera
a fôrma forma
metamorforma
amor se fôra
morfosse fossa
na meta fora
me fosse fossa
em fossa sendo
me
ter
se fosse
me ser seria
mas já não era
metamorfoi
me ter amor
armar se fosse
a forma sendo
mestar me morfa
em nela sendo
a forma ao centro
nem dentro era
afora sendo
morfou-se ar
em vento fôra
em se se forma
formar se fora
em mar se firma
morfosear
em meta fora
já fora há
em meta forma?
metamorfoi
Salvador Passos
*título inspirado em Leminski
domingo, 5 de dezembro de 2010
Descartes e o computador
Você pensa que pensa
ou sou eu quem pensa
que você pensa?
Você pensa o que eu penso
ou eu é que penso
o que você pensa?
Bem vamos deixar a questão em suspenso
enquanto você pensa se já pensa
e eu penso se ainda penso
José Paulo Paes
ou sou eu quem pensa
que você pensa?
Você pensa o que eu penso
ou eu é que penso
o que você pensa?
Bem vamos deixar a questão em suspenso
enquanto você pensa se já pensa
e eu penso se ainda penso
José Paulo Paes
sábado, 4 de dezembro de 2010
Ex isto

Ex Isto, mais novo trabalho de Cao Guimarães,o filme explora, de maneira bem livre e experimental o já experimental Catatau de Paulo Leminski.
O catatau de linguagens de Paulo Leminski
http://unisinos.br/blog/ihu/2009/06/26/o-catatau-de-linguagens-de-paulo-leminski/
Por André Dick
O “romance-ideia” Catatau, que ocupou nove anos da vida de Paulo Leminski, de 1966 a 1974, foi lançado primeiramente em 1975. Do trio Noigandres (Haroldo de Campos, Décio Pignatari e Augusto de Campos), lembrado na dedicatória, Leminski não chegou a ver nenhum texto escrito em vida. Incomodado com isso, escreveu ele em suas cartas a Régis Bonvicino em Envie meu dicionário (mantenho o corte poético que Leminski dava às suas frases): “não sei bem dizer se eles gostaram ou não / enfim, o que é gostar? / tenho certeza q para o paladar weberiano-joãogilbertesco / de Augusto / o Catatau deve ter parecido bagunçado demais / irregular demais / entrópico demais / / Augusto nunca foi muito claro comigo acerca do q ele achou do / Catatau produto final / o saque cartésio x trópico a anedota eu sei q ele adora / / décio se refere ao Catatau falando em ‘monolito’, ‘é uma boa’, / coisas assim / / haroldo, de haroldo nunca ouvi nem uma palavra”. Foi justamente Haroldo de Campos quem escreveu sobre Catatau no ano da morte do autor, no texto “Uma leminskíada barrocodélica”. Contudo, Leminski morreu antes de ele ser publicado. Décio, por sua vez, como coordenador da Fundação Cultural de Curitiba, abriu espaço para a pesquisa que terminaria na visão crítica e anotada de Catatau lançada pela Travessa dos Editores em 2004.
paulo-leminski-lotus
A expectativa de Leminski em relação à opinião dos poetas concretos caracterizou boa parte de sua trajetória. Catatau revela um encontro entre as ideias deles (mesmo que não possa ser entendido à luz do plano-piloto) e a Tropicália (Leminski, a princípio, dedicaria o livro a Caetano Veloso e a Gilberto Gil). Ou seja, o cartesianismo é visto como pano-de-fundo para um movimento de contracultura (embora seja difícil negar que haja nesta, como em qualquer transformação cultural, um pensamento pré-programado). Lembremos também que Caetano, em 1981, lançou a música “Outras palavras”, uma composição de influência joyciana e também leminskiana – já que o cantor e o poeta conviviam com frequência naquele período (mesmo que Caetano não o cite em nenhum momento em Verdade tropical). Essas influências mostravam os caminhos de Leminski, dividido entre e o erudito e o popular.
Catatau, ao mesmo tempo, e não há nada de novo nessa consideração, dialoga criticamente com obras experimentais, como Finnegans wake e Ulysses, de Joyce, Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, e Galáxias, de Haroldo de Campos. Sem dúvida, as palavras-montagem e o clima onírico na obra de Leminski dialogam com as criações joycianas. Também há traços de Guimarães Rosa. Em comparação à obra máxima do escritor mineiro, no entanto, como respondeu Leminski numa entrevista à revista Quem (1978), Catatau tenta ir além, chegando aos limites da “ininteligibilidade” e avançando nos meandros do Finnegans wake, que, para o teórico francês Michel Butor, poderia ser lido a partir de qualquer página. Considerar a obra uma diluição ou uma glosa da de Haroldo de Campos já não parece tão verdadeiro. Não que Galáxias não tenha servido de forte inspiração para Leminski – serviu. Mas Catatau, embora não pareça, é um livro que apresenta, ao contrário da multiplicidade barroca de Haroldo, uma ideia (fantasiosa) básica: a de René Descartes (latinizado para Renatus Cartesius, como era de praxe na época) ter parado em terras brasileiras, mais exatamente na Recife holandesa de Maurício de Nassau, estando à espera do polaco Articewski, estrategista do exército da Companhia das Índias Ocidentais, para solucionar suas dúvidas, despertadas pela febre diante do universo tropical, de paisagens em forma de pesadelo, línguas e linguagens excessivas para seu racionalismo. À espera dele, Cartesius caminha pelo parque de Vrijburg, construído por Nassau em Recife.
Catatau parece apresentar uma ligação, por vezes alegórica, com passagens significativas da trajetória de Leminski, que era professor de história, com tendência a Borges. Foi numa aula de história que, en passant, Leminski teve a ideia de imaginar que, se Maurício de Nassau veio a Recife, Pernambuco, pode ter vindo junto, em sua comitiva, o filosófo René Descartes, que pertencia ao seu círculo. Isso nunca aconteceu. Ou seja, a história de Leminski é implausível do ponto de vista histórico. A ideia anotada durante a aula acabou virando um conto chamado Descartes com lentes, que Leminski enviou ao 1º Concurso de Contos do Paraná. Por uma confusão na hora de contar os votos, perdeu (mas Fausto Cunha, representante do júri, escreveria a Leminski, em 1987, dizendo que o melhor conto havia sido o dele). Como escreve Leminski, no texto “Descordenadas artesianas”, que encerra Catatau e ajuda a explicá-lo: “Descartes com lentes era um esquema: trazia em si um princípio de crescimento, uma lei e uma necessidade de expansão, como uma alegoria barroca”. Alegoria barroca, como a vida de Leminski, que misturava inúmeras linguagens. Ele lidou com uma quantidade considerável de leituras, de experimentações, de identidades: estudou no Mosteiro de São Bento (onde se aperfeiçoou no latim, que utilizaria em sua tradução, em 1985, de Satyricon); largou duas faculdades, de Letras e de Direito; viajou de carona, como um beatnik, para a Semana de Poesia de Vanguarda, em Minas Gerais, onde conheceu os poetas concretos; trabalhou como professor em cursinhos, para depois viver como um hippie no Rio de Janeiro; e, ao voltar para Curitiba, ingressou na publicidade, foi professor de judô e um representante da contracultura de Curitiba, não se ligando, contudo, às linhas básicas de certa poesia marginal mais conhecida (a de Cacaso). De um autor com essas características e máscaras (personae) não se poderia esperar certamente um romance linear: e dar como subtítulo de Catatau a definição de “romance-ideia” é oferecer um resumo direto ao leitor – mesmo que ele tenha escrito na nota ao livro, “Repugnatio benevolentiae”: “Me nego a ministrar clareiras para a inteligência deste catatau que, por oito anos, agora, passou muito bem sem mapas. Virem-se”. O recado parece ser de que o leitor desista de procurar uma narrativa em seu livro, mas que busque “ideias”, “linguagens”, “insights”, misturas de estilos. Catatau é composto por imagens características de “alegoria barroca”, como ele escreve em “Descordenadas artesianas”, dentro de uma “estética do desperdício”, conforme Severo Sarduy, nunca buscando algum centro, deixando o fluxo aberto à experimentação, através de uma sonoridade própria da tradição galego-portuguesa). O fluxo é contínuo ao longo das mais de 200 páginas sem parágrafos, sem personagens bem delineados, tramas internas ou sequências lineares. O mote inicial é apenas um motivo para Leminski anarquizar com a linguagem. Como escrevia Leminski, no seu ensaio “Anti-projeto à poesia no Brasil”, publicado na revista Convivium (1965): “A prosa poética é a corrupção da prosa: mais vale a poesia prosaica. Poesia prosaica, vale dizer, a tudo aberta, compreensiva. Os fazedores de poesia prosaica são os maiores inventores: Dante (…), Tristan Corbière (…), Ezra Pound. A adoção-compreensão da poesia prosaica era um passo à frente”.
catatauoriginal
Em Catatau, em meio a um aglomerado de linguagens configuradas pela “poesia prosaica”, encontra-se a admiração de Leminski pela mitologia grega, que antecede, afinal, o racionalismo cartesiano, onde ainda se separavam os deuses dos comuns mortais. A figura de Narciso, que ganharia relevo em seu livro Metaformose, permeia Catatau (as citações são muitas, mas talvez colaborem na interpretação do livro): “Narciso contempla narciso, no olho mesmo da água. Perdido em si, só para aí se dirige. Reflete e fica a vastidão, vidro de pé, perante vidro, espelho ante espelho, nada a nada, ninguém olhando-se a vácuo”; “Olhos. Espelhos d’alma, Narciso está?”; Amores de Narciso: preciso: sair do espelho. Narciso, o ausente no lugar”; “No espelho triplo, se repete o eco e diz de novo que era assim”; “Alma, entra dentro de ti mesma, o alvo não passa de um espelho”, “Meu narcisismo anarquiza a alta conta, elevada estima e grande monta de consideração: uns catipiripapos, e a criatura fica parecida com a caricatura”. E define: “Anarquizo Narciso”. Parecem trechos saídos diretamente de Metaformose, escrito anos depois e deixado no fundo de uma caixa dada por Leminski à amiga e poeta Josely Vianna Baptista.
Em Catatau também estão o labirinto do Minotauro e Ariadne, sereias, Aquiles e a tartaruga, Zenão, Medusa, centauros, persas, Dédalos, Vênus, Hércules, Atenas, e Tróia; citações a filósofos (Sócrates, Platão, Aristóteles, obviamente Descartes). São traços de um universo filosófico e mitológico que se faria presente também em Agora é que são elas (1984), um novo fracasso do autor, no qual Leminski dizia trabalhar a ideia da impossibilidade de escrever um romance – quando a impossibilidade de escrever um romance linear já estava em Catatau.
A impossibilidade de escrever um romance linear vai certamente contra a figura de Descartes num livro como Discurso do método. Leminski desconstrói o método de Descartes, o mesmo que faria com as funções do conto nas teorias do russo Propp, em seu romance dos anos 80, zombando de sua filosofia (“Sou louco logo sou”), mas, ao mesmo tempo, o utilizando como mote para contestar a linguagem ditatorial de seu tempo. Como Cartesius iria descrever a razão lógica, que é filha da democracia, num país dominado pela ditadura (esquecendo-se aqui que a narrativa se passa na Recife holandesa, e se lembrando que Leminski menciona muitas vezes em Catatau a cidade de Brasília, arquitetada por Niemeyer)?
A falta de lógica se adensa quando surge o monstro Occam, para descontrolar ainda mais a linguagem do confuso Cartesius. Além disso, espalha referências à cultura polonesa pelo texto – afinal trata-se da espera de um matemático como Descartes por um polaco, Artiscewski (grafado de outras formas ao longo do livro). Mas Leminski está mais para as dúvidas de Descartes do que para a embriaguez do polonês em questão. Como Descartes faz em seu Discurso do método, Leminski, no decorrer de Catatau, fala de sua pretensa trajetória intelectual, desde a infância: “Letras me nutriram desde a infância” – como escreve Descartes em seu livro –, de impressões sobre bichos, máquinas e a sobre a função do corpo. Leminski não é Descartes, mas tem muito dele, tanto que se sente à vontade para zombar de seu trabalho, pois zomba de si mesmo. Afinal, se ele foi tão influenciado pela poesia concreta, ele possivelmente tinha uma mente em parte cartesiana. Com isso, se percebe em Catatau, como um contraponto à filosofia de Descartes, que tinha como objetivo discutir as questões metafísicas. Leminski, ex-seminarista do mosteiro de São Bento, se pergunta: “Como pode haver mais de um deus se sou só um eu, um sou?”. Há momentos que parecem recriados (e não transpostos) a partir de sua vivência no mosteiro de São Bento: “O pastor carrega suas ovelhas por dentro, interioriza o rebanho, assimila a páscoa e desaparecem pastor e rebanho”; “Naveguei com sucesso entre a higiene e o batismo, entre o catecismo e o ceticismo, a idolatria e a iconoclastia”; “Mosteiro comigo às costas, o caramujo cara de monge”. E há referência ao fato de a flora e a fauna do Brasil parecerem, ao olhar europeu, uma espécie de paraíso: “Dei dez pontos do pomo de Adão ao umbigo de não sei quem”; “Dor, no éden. Ser, em casa. Voz, debaixo dágua alguma”.
paulo-leminski1
O mais interessante é que, como percebe Flora Süssekind, no ensaio “Hagiografias”, Leminski foi um dos poetas que mais se utilizaram de uma temática religiosa, algo bastante raro na literatura brasileira. Versos como “um deus também é o vento / só se vê nos seus efeitos / árvores em pânico / bandeiras / água trêmula / navios a zarpar”, até pedir: “me ensina / a sofrer sem ser visto” e consagrar: “a este deus / que levanta a poeira dos caminhos / os levando a voar / consagro este suspiro / / nele cresça / até virar vendaval” mostram sua inclinação a uma subjetividade baseada na formação religiosa.
A insegurança humana, misturada à religiosidade de Leminski, o leva a escrever os seguintes versos em La vie en close, desconfiando de si mesmo: “pedirem um milagre / nem pisco / transformo água em água / e risco em risco”; “desmantelar / a máquina do amor / peça por peça / onde luzia flor e flor / não deixar nem promessa / isto sim eu faria / se pudesse / transformar em pedra fria / minha prece”. Ou em “não são / são não / rogai por nós / para que não / sejamos senão”. Temos também, em O ex-estranho, aquela poética religiosa de ex-monge beneditino, que Leminski concentra no fundo de sua obra, percebida, com mais destaque, em “Sacro lavoro”, no qual ele lembra: “as mãos que escrevem isto / um dia iam ser de sacerdote / transformando o pão e o vinho forte / na carne e sangue de Cristo / / hoje transformam palavras / num misto entre o óbvio e o nunca visto”. Num outro poema do livro, “Tamanho momento”, diz: “nossa senhora da luz / ouro do rio de belém / que seja eterno este dia / enquanto a sombra não vem” e “nunca sei ao certo / se sou um menino de dúvidas / ou um homem de fé / / certezas o vento leva / só dúvidas continuam de pé”. No entanto, resta a esperança de “Sintonia para pressa e presságio”, de La vie en close: “Eis a voz, eis o deus, eis fala, / eis que a luz se acendeu na casa / e não cabe mais na sala”. Em “Profissão de febre”: “quando chove, / eu chovo, / faz sol, / eu faço, / de noite, / anoiteço, / tem deus, / eu rezo, / não tem, / esqueço”.
Leminski desconfia de um deus que possa salvá-lo, mas é visível que alguns de seus poemas são teológicos: eles falam de um deus que o poeta quer tornar visível, mesmo impossibilitado, chegando a um bom humor, em Distraídos venceremos: “eu ontem tive a impressão / que deus quis falar comigo / não lhe dei ouvidos / / quem sou eu para falar com deus / ele que cuide dos seus assuntos / eu cuido dos meus”. Os poemas de Leminski são densos e comovem, como a biografia que ele fez de Jesus Cristo, vendo essa figura religiosa antes de tudo como um poeta. Entre o Colégio São Bento e a fuga e a rebeldia, Leminski se situa no paradoxo da própria dúvida. Hegel afirmava que a religião tinha algo sublime: ela consiste em “não permanecer presa a nenhuma intuição ou deleite passageiro, embora anseie por beleza e bem-aventurança eternas”. O que ela procura é, em suma, “o absoluto e o eterno”. Leminski desconfia do absoluto e do eterno – mas sabe que no seu subjetivo a ordem cresce em sua escrita, precária e passageira.
Parece-me inadequado, com tudo isso, as referências mito-filosóficas e religiosas, ver Catatau apenas como um duelo entre o erudito (como as citações em latim, o discurso religioso, o pensamento filosófico matemático) e o popular (as brincadeiras com os provérbios). Isso dá a impressão que o livro é denso por um lado e rasteiro por outro, ou que é uma espécie de briga entre o erudito e o popular, o que não é o caso: Leminski mantém o ritmo e a consciência de linguagem ao longo de toda a obra, não deixando se impregnar demais pelo rebuscamento ou adotando uma espécie de escrita automática, nem caindo em gracejos – a brincadeira com provérbios, por exemplo, não tira a densidade do texto; os provérbios são subvertidos em prol de um experimentalismo da linguagem de Descartes. Se algumas vezes esse programa acaba cansando em alguns momentos, a linguagem consegue ser sempre ousada, com a sintaxe que se destacaria nos autores neobarrocos, com delírio da imaginação. Leminski mantém sua obra aberta. A linguagem de Descartes, atingida por Occam, por filosofias religiosas, por sonoridades plurilíngues, é afastada do racionalismo, da matemática cerebral e se aproxima de uma espécie de “sonho da razão” de Goya.
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
terça-feira, 30 de novembro de 2010
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Bob Black/A mentira no estado... e em outros lugares
A mentira no estado... e em outros lugares (Bob Black)
Precisamos de uma fenomenologia da mentira. Como essência imanente e onipresente da nossa sociedade, a mentira não merece menos; e já é hora de ela ter o que merece. Vamos ser honestos, sobre a desonestidade. Como eles nos enganam? Deixe-me contar as formas.
Algumas formas de fraude , especialmente aquelas exercidas cara a cara, são altamente refinadas. Uma névoa fina desce sobre pessoas usando qualquer uma de várias expressões idiomáticas compartilhadas, que supõem estar dizendo algo quando estão apenas emitindo sinais , barulhos, que provocam reações similares. Na verdade, não passam de ruído.
A publicidade, o lenga-lenga New Age, a conversinha mole pra pegar mulher em barzinho e os jargões do marxismo são exemplos familiares. Muito mais expressão do que comunicação, na melhor das hipóteses eles dizem menos do que parecem dizer, e a melhor das hipóteses é rara, nesses casos. A maioria das "lacunas" nas fitas de Nixon não esta faltando.
A epítome da enganação consensual é a autocontradição transformada em jargão especializado, por exemplo:
Casamento aberto
Governo revolucionário
Lei e ordem
Direito ao trabalho
Teologia da libertação
Escolas livres
...e assim por diante
No outro extremo (general Jaruzelski¹, por exemplo) da engambelação sofisticada está a prevaricação pura e simples. Como cigarros, mas sem mensagens de advertência, essas mentiras costumam vir em pacotes. Políticos e padres permitem os exemplos mais claros - exemplos aos quais não podemos nos igualar. O mundo dos negócios (existe outro?) também contém ocupações inteiras de profissionais da falsidade, como vendedores e advogadosa. Há ramos, como da energia nuclear e o da "defesa", que pressupõem mais do que confundir de leve o consumidor comum: eles sapecam mentiras gigantescas sobre uma população ludibriada por questão de necessidade profissional. Ainda sim, políticos são os mentirosos ideais. É para mentir ( além de dar ordens) que nós lhes pagamos, ou melhor, que eles se pagam com nossos impostos. A diplomacia, por exemplo, é apenas, o engôdo em traje de gala. Quando dizemos que alguém esta sendo "diplomático", queremos dizer que ele está contando mentiras para aquietar algum conflito. Mas na diplomacia os governos estão lidando com monopólios da violência iguais a eles, portanto, mentem com mais cuidado do que em geral têm com as populações que controlam. Políticos freqüentemente são ambíguos, mas raramente são sutis. Por que não deixar as sutilezas de lado, quando você tem a maioria dos homens armados de um país sob seu comando?
Uma Grande Mentira original e exemplar, por exemplo, está embutida em quase toda referência pública ao "terrorismo". A verdadeira acepção da palavra é o uso de violência contra não-combatentes para fins políticos. Os esquadrões da morte na América Central ou a distribuição de "brinquedos" explosivos feitos por soviéticos a crianças afegãs, para que elas se mutilem, são exemplos. A idéia é impor a própria vontade, não pela coerção direta daqueles a serem controlados, mas infundindo neles o medo, isto é , "terror". Não há mal nenhum em ter uma palavra para denominar uma atividade que, sejam quais forem seus prós e contras, difere em alguns aspectos da guerra, do crime, da desordem civil etc.
São precisamente essas distinções que os políticos e seus seguidores acadêmicos e jornalísticos ocultam usando a palavra. Para eles, toda violência política, vandalismo ou até um mero tumulto é " terrorismo, a menos que os terroristas estejam usando uniforme. Governos , portanto, não praticam o terrorismo, haja o que houver, enquanto a violência contra o Estado e sempre terrorismo, mesmo se consistir em ataques de uma força militar contra outra. Os massacres conduzidos pelos salvadorenhos auxiliares dos EUA; os bombardeios israelenses de campos de refugiados palestinos ou o seqüestro de reféns libaneses; até o holocausto em Camboja e no afeganistão, lamentados de maneira tão hipócrita, ou os assassinatos em prisões sul-africanas, por serem todos chacinas santificadas pelo Estado, não constituem atos terroristas. O terrorismo não é tanto uma questão de destruição e morte quanto de correção indumentária. Soldados são terroristas que tiveram o cuidado de se vestir para o sucesso. Isso basta que os gerentes da opinião pública durmam tranqüilamente, embora não necessariamente tanto quanto o presidente Reagan, quando, apesar do bombardeio de pacientes psiquiátricos em Granada e do fuzilamento de operários cubanos da construção civil, ele relatou que, como de costume, dormira bem.
É notável como esse esquema é eficaz. Os outrora perseguidos sandinistas eram terroristas até o momento mágico em que suplantaram Somoza. O presidente Robert Mugabe era um "terrorista" negro até se transubstanciar em estadista Zimbabwiano. Quando xiitas tomam reféns americanos, eles são terroristas. Quando israelenses tomam reféns xiitas, trata-se de uma violação da lei internacional, talvez, motivo para uma crítica contida mas de modo algum é terrorismo. Apesar de sua crueza hipócrita, a farsa do terrorismo tem sido bem aceita. O bonequinho dos comandos em ação , aposentado por alguns anos depois da Guerra Que Não Ousa Dizer Seu Nome, está de volta. Agora ele combate terroristas.
Que as autoridades, como os autoritários que as invejam, mentem sistematicamente não é nenhuma novidade. Karl Kraus e George Orwell o disseram. Mas elas refinaram, ou ao menos aumentaram, seus embustes. Nossa complexa sociedade, baseada no consentimento por coerção, criou modos de manipulação tão avançados que a falsidade pode ser minimizada, até eliminada sem, que a verdade venha à tona. O sistema simplesmente nos inunda com informações tão triviais que chega a merecer o nome desgastado de "dados", até que os poucos assuntos de importância real sejam expulsos da mente. A escala e a estrutura da sociedade evitam que as pessoas experimentem imediatamente a ela ou umas às outras. O conhecimento é fragmentado em ilhas artificiais e confiado a especialistas endógamos. No mundo acadêmico, essas exclusividades merecem as conotações sadomasoquistas da denominação que recebem, "disciplinas".
A divisão social da mão-de-obra - estilhaçando uma vida que deveria ser experimentada integralmente em "papéis" padronizados a força -, estendida a consciência, se reproduz ao mesmo tempo que oculta sua passagem.
Regras e papéis nos tornam tão intercambiáveis quanto os bens cuja produção é a nossa destruição. Não admira que, como Karl Marx observou uma vez antes de se tornar um político, a única linguagem compreensível que temos é a linguagem das nossas posses conversando entre si. Precisamos de outra. E precisamos de ocasiões sem pressa e sem pressões para um repouso sem palavras. A revolução requer uma expressão idiomática antiidiotia que expresse o até agora indizível. O amor que não ousa dizer seu nome tem vantagens sobre o outro, caluniado por rótulos, cujo nome é tomado em vão e nunca devolvido aos seus donos legítimos.
A corrupção da linguagem promove a corrupção da vida. É na verdade o seu pré-requisito.
Um primeiro passo rumo à paz e a liberdade - impossível agora, sob a sociedade de classes e sua arma, o Estado - é chamar as coisas por seus verdadeiros nomes. Assim, a diferença entre os agentes do complexo militar-industrial-político-jornalistico e a arraia-miúda que a mídia difama como "terroristas" é apenas a diferença entre o atacado e o varejo. Guerra é assasinato.Imposto é furto. Conscrição é escravidão. Laisse-faire é totalitarismo. E (diz Debord), "num mundo realmente de ponta-cabeça, o verdadeiro é um momento falso".
¹Primeiro-ministro da pôlonia de 1981 a 1985, chefe do Conselho de Estado de 1985 a 1989 e presidente de 1989 a 1990.(N. E.)
Tradução: Michele de Aguiar Vartuli
Precisamos de uma fenomenologia da mentira. Como essência imanente e onipresente da nossa sociedade, a mentira não merece menos; e já é hora de ela ter o que merece. Vamos ser honestos, sobre a desonestidade. Como eles nos enganam? Deixe-me contar as formas.
Algumas formas de fraude , especialmente aquelas exercidas cara a cara, são altamente refinadas. Uma névoa fina desce sobre pessoas usando qualquer uma de várias expressões idiomáticas compartilhadas, que supõem estar dizendo algo quando estão apenas emitindo sinais , barulhos, que provocam reações similares. Na verdade, não passam de ruído.
A publicidade, o lenga-lenga New Age, a conversinha mole pra pegar mulher em barzinho e os jargões do marxismo são exemplos familiares. Muito mais expressão do que comunicação, na melhor das hipóteses eles dizem menos do que parecem dizer, e a melhor das hipóteses é rara, nesses casos. A maioria das "lacunas" nas fitas de Nixon não esta faltando.
A epítome da enganação consensual é a autocontradição transformada em jargão especializado, por exemplo:
Casamento aberto
Governo revolucionário
Lei e ordem
Direito ao trabalho
Teologia da libertação
Escolas livres
...e assim por diante
No outro extremo (general Jaruzelski¹, por exemplo) da engambelação sofisticada está a prevaricação pura e simples. Como cigarros, mas sem mensagens de advertência, essas mentiras costumam vir em pacotes. Políticos e padres permitem os exemplos mais claros - exemplos aos quais não podemos nos igualar. O mundo dos negócios (existe outro?) também contém ocupações inteiras de profissionais da falsidade, como vendedores e advogadosa. Há ramos, como da energia nuclear e o da "defesa", que pressupõem mais do que confundir de leve o consumidor comum: eles sapecam mentiras gigantescas sobre uma população ludibriada por questão de necessidade profissional. Ainda sim, políticos são os mentirosos ideais. É para mentir ( além de dar ordens) que nós lhes pagamos, ou melhor, que eles se pagam com nossos impostos. A diplomacia, por exemplo, é apenas, o engôdo em traje de gala. Quando dizemos que alguém esta sendo "diplomático", queremos dizer que ele está contando mentiras para aquietar algum conflito. Mas na diplomacia os governos estão lidando com monopólios da violência iguais a eles, portanto, mentem com mais cuidado do que em geral têm com as populações que controlam. Políticos freqüentemente são ambíguos, mas raramente são sutis. Por que não deixar as sutilezas de lado, quando você tem a maioria dos homens armados de um país sob seu comando?
Uma Grande Mentira original e exemplar, por exemplo, está embutida em quase toda referência pública ao "terrorismo". A verdadeira acepção da palavra é o uso de violência contra não-combatentes para fins políticos. Os esquadrões da morte na América Central ou a distribuição de "brinquedos" explosivos feitos por soviéticos a crianças afegãs, para que elas se mutilem, são exemplos. A idéia é impor a própria vontade, não pela coerção direta daqueles a serem controlados, mas infundindo neles o medo, isto é , "terror". Não há mal nenhum em ter uma palavra para denominar uma atividade que, sejam quais forem seus prós e contras, difere em alguns aspectos da guerra, do crime, da desordem civil etc.
São precisamente essas distinções que os políticos e seus seguidores acadêmicos e jornalísticos ocultam usando a palavra. Para eles, toda violência política, vandalismo ou até um mero tumulto é " terrorismo, a menos que os terroristas estejam usando uniforme. Governos , portanto, não praticam o terrorismo, haja o que houver, enquanto a violência contra o Estado e sempre terrorismo, mesmo se consistir em ataques de uma força militar contra outra. Os massacres conduzidos pelos salvadorenhos auxiliares dos EUA; os bombardeios israelenses de campos de refugiados palestinos ou o seqüestro de reféns libaneses; até o holocausto em Camboja e no afeganistão, lamentados de maneira tão hipócrita, ou os assassinatos em prisões sul-africanas, por serem todos chacinas santificadas pelo Estado, não constituem atos terroristas. O terrorismo não é tanto uma questão de destruição e morte quanto de correção indumentária. Soldados são terroristas que tiveram o cuidado de se vestir para o sucesso. Isso basta que os gerentes da opinião pública durmam tranqüilamente, embora não necessariamente tanto quanto o presidente Reagan, quando, apesar do bombardeio de pacientes psiquiátricos em Granada e do fuzilamento de operários cubanos da construção civil, ele relatou que, como de costume, dormira bem.
É notável como esse esquema é eficaz. Os outrora perseguidos sandinistas eram terroristas até o momento mágico em que suplantaram Somoza. O presidente Robert Mugabe era um "terrorista" negro até se transubstanciar em estadista Zimbabwiano. Quando xiitas tomam reféns americanos, eles são terroristas. Quando israelenses tomam reféns xiitas, trata-se de uma violação da lei internacional, talvez, motivo para uma crítica contida mas de modo algum é terrorismo. Apesar de sua crueza hipócrita, a farsa do terrorismo tem sido bem aceita. O bonequinho dos comandos em ação , aposentado por alguns anos depois da Guerra Que Não Ousa Dizer Seu Nome, está de volta. Agora ele combate terroristas.
Que as autoridades, como os autoritários que as invejam, mentem sistematicamente não é nenhuma novidade. Karl Kraus e George Orwell o disseram. Mas elas refinaram, ou ao menos aumentaram, seus embustes. Nossa complexa sociedade, baseada no consentimento por coerção, criou modos de manipulação tão avançados que a falsidade pode ser minimizada, até eliminada sem, que a verdade venha à tona. O sistema simplesmente nos inunda com informações tão triviais que chega a merecer o nome desgastado de "dados", até que os poucos assuntos de importância real sejam expulsos da mente. A escala e a estrutura da sociedade evitam que as pessoas experimentem imediatamente a ela ou umas às outras. O conhecimento é fragmentado em ilhas artificiais e confiado a especialistas endógamos. No mundo acadêmico, essas exclusividades merecem as conotações sadomasoquistas da denominação que recebem, "disciplinas".
A divisão social da mão-de-obra - estilhaçando uma vida que deveria ser experimentada integralmente em "papéis" padronizados a força -, estendida a consciência, se reproduz ao mesmo tempo que oculta sua passagem.
Regras e papéis nos tornam tão intercambiáveis quanto os bens cuja produção é a nossa destruição. Não admira que, como Karl Marx observou uma vez antes de se tornar um político, a única linguagem compreensível que temos é a linguagem das nossas posses conversando entre si. Precisamos de outra. E precisamos de ocasiões sem pressa e sem pressões para um repouso sem palavras. A revolução requer uma expressão idiomática antiidiotia que expresse o até agora indizível. O amor que não ousa dizer seu nome tem vantagens sobre o outro, caluniado por rótulos, cujo nome é tomado em vão e nunca devolvido aos seus donos legítimos.
A corrupção da linguagem promove a corrupção da vida. É na verdade o seu pré-requisito.
Um primeiro passo rumo à paz e a liberdade - impossível agora, sob a sociedade de classes e sua arma, o Estado - é chamar as coisas por seus verdadeiros nomes. Assim, a diferença entre os agentes do complexo militar-industrial-político-jornalistico e a arraia-miúda que a mídia difama como "terroristas" é apenas a diferença entre o atacado e o varejo. Guerra é assasinato.Imposto é furto. Conscrição é escravidão. Laisse-faire é totalitarismo. E (diz Debord), "num mundo realmente de ponta-cabeça, o verdadeiro é um momento falso".
¹Primeiro-ministro da pôlonia de 1981 a 1985, chefe do Conselho de Estado de 1985 a 1989 e presidente de 1989 a 1990.(N. E.)
Tradução: Michele de Aguiar Vartuli
FIRST THEY CAME (ou sobre o que eu tenho a ver com o BOPE)
This poem is attributed to Pastor Martin Niemöller (1892–1984) about the inactivity of German intellectuals following the Nazi rise to power and the purging of their chosen targets, group after group.
An early supporter of Hitler, by 1934 Niemöller had come to oppose the Nazis, and it was largely his high connections to influential and wealthy businessmen that saved him until 1937, after which he was imprisoned, eventually at Sachsenhausen and Dachau concentration camps. He survived to be a leading voice of penance and reconciliation for the German people after World War II. His poem is well-known, frequently quoted, and is a popular model for describing the dangers of political apathy, as it often begins with specific and targeted fear and hatred which soon escalates out of control.
1976 Version - Original
Als die Nazis die Kommunisten holten, habe ich geschwiegen; ich war ja kein Kommunist.
Als sie die Sozialdemokraten einsperrten, habe ich geschwiegen; ich war ja kein Sozialdemokrat.
Als sie die Gewerkschafter holten, habe ich nicht protestiert; ich war ja kein Gewerkschafter.
Als sie mich holten, gab es keinen mehr, der protestieren konnte.
Translation
When the Nazis came for the communists, I remained silent; I was not a communist.
When they locked up the social democrats, I remained silent; I was not a social democrat.
When they came for the trade unionists, I did not speak out; I was not a trade unionist.
When they came for me, there was no one left to speak out.
Another version inscribed at the New England Holocaust Memorial in Boston, MA. reads:
They came first for the Communists, and I didn't speak up because I wasn't a Communist.
Then they came for the Jews, and I didn't speak up because I wasn't a Jew.
Then they came for the trade unionists, and I didn't speak up because I wasn't a trade unionist. Then they came for the Catholics, and I didn't speak up because I was a Protestant.
Then they came for me, and by that time no one was left to speak up.
The poem influenced and inspired the composition of many songs. One of the most famous is "Re-gaining Unconsciousness" by NOFX:
First they put away the dealers, keep our kids safe and off the streets.
Then they put away the prostitutes, keep married men cloistered at home.
Then they shooed away the bums,
then they beat and bashed the queers,
turned away asylum-seekers,
fed us suspicions and fears.
We didn't raise our voice,
we didn't make a fuss.
It's funny there was no one left to notice
when they came for us.
Charles Mingus uses a version of the poem on his song "Don't Let It Happen Here"
One day they came and they took the Communists
And I said nothing because I was not a Communist
Then one day they came and they took the people of the Jewish faith
And I said nothing because I had no faith left
One day they came and they took the unionists
And I said nothing because I was not a unionist
One day they burned the Catholic churches
And I said nothing because I was born a Protestant
Then one day they came and they took me
And I could say nothing because I was as guilty as they were
For not speaking out and saying that all men have a right to freedom
On any land I was as guilty of genocide
As you
All of you
For you know when a man is free
And when to set him free from his slavery
So I charge you all with genocide
The same as I
One of the 18 million dead Jews
18 million dead people..
Asian Dub Foundation paraphrased the poem in the song "Round Up". Excerpt from the lyrics:
dem come for de rasta and you say nothing
dem come from the Muslims you say nothing
dem come for the anti-globalist you say nothing
dem even come for the liberals and you say nothing
dem come for you and who will speak for you, who ?
(source: http://jiannakarla.multiply.com/journal)
An early supporter of Hitler, by 1934 Niemöller had come to oppose the Nazis, and it was largely his high connections to influential and wealthy businessmen that saved him until 1937, after which he was imprisoned, eventually at Sachsenhausen and Dachau concentration camps. He survived to be a leading voice of penance and reconciliation for the German people after World War II. His poem is well-known, frequently quoted, and is a popular model for describing the dangers of political apathy, as it often begins with specific and targeted fear and hatred which soon escalates out of control.
1976 Version - Original
Als die Nazis die Kommunisten holten, habe ich geschwiegen; ich war ja kein Kommunist.
Als sie die Sozialdemokraten einsperrten, habe ich geschwiegen; ich war ja kein Sozialdemokrat.
Als sie die Gewerkschafter holten, habe ich nicht protestiert; ich war ja kein Gewerkschafter.
Als sie mich holten, gab es keinen mehr, der protestieren konnte.
Translation
When the Nazis came for the communists, I remained silent; I was not a communist.
When they locked up the social democrats, I remained silent; I was not a social democrat.
When they came for the trade unionists, I did not speak out; I was not a trade unionist.
When they came for me, there was no one left to speak out.
Another version inscribed at the New England Holocaust Memorial in Boston, MA. reads:
They came first for the Communists, and I didn't speak up because I wasn't a Communist.
Then they came for the Jews, and I didn't speak up because I wasn't a Jew.
Then they came for the trade unionists, and I didn't speak up because I wasn't a trade unionist. Then they came for the Catholics, and I didn't speak up because I was a Protestant.
Then they came for me, and by that time no one was left to speak up.
The poem influenced and inspired the composition of many songs. One of the most famous is "Re-gaining Unconsciousness" by NOFX:
First they put away the dealers, keep our kids safe and off the streets.
Then they put away the prostitutes, keep married men cloistered at home.
Then they shooed away the bums,
then they beat and bashed the queers,
turned away asylum-seekers,
fed us suspicions and fears.
We didn't raise our voice,
we didn't make a fuss.
It's funny there was no one left to notice
when they came for us.
Charles Mingus uses a version of the poem on his song "Don't Let It Happen Here"
One day they came and they took the Communists
And I said nothing because I was not a Communist
Then one day they came and they took the people of the Jewish faith
And I said nothing because I had no faith left
One day they came and they took the unionists
And I said nothing because I was not a unionist
One day they burned the Catholic churches
And I said nothing because I was born a Protestant
Then one day they came and they took me
And I could say nothing because I was as guilty as they were
For not speaking out and saying that all men have a right to freedom
On any land I was as guilty of genocide
As you
All of you
For you know when a man is free
And when to set him free from his slavery
So I charge you all with genocide
The same as I
One of the 18 million dead Jews
18 million dead people..
Asian Dub Foundation paraphrased the poem in the song "Round Up". Excerpt from the lyrics:
dem come for de rasta and you say nothing
dem come from the Muslims you say nothing
dem come for the anti-globalist you say nothing
dem even come for the liberals and you say nothing
dem come for you and who will speak for you, who ?
(source: http://jiannakarla.multiply.com/journal)
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
CARNIVALESQUE REBELLION WEEK + BUY NOTHING DAY (NOV 22 - 28)

A few people start breaking their old patterns, embracing what they love (and in the process discovering what they hate), daydreaming, questioning, rebelling. What happens naturally then, according to the revolutionary past, is a groundswell of support for this new way of being, with more and more people empowered to perform new gestures unencumbered by history.
Think of it as an adventure, as therapy – a week of pieing and pranks, of talking back at your profs and speaking truth to power. Some of us will put up posters in our schools and neighborhoods and just break our daily routines for a week. Others will chant, spark mayhem in big box stores and provoke mass cognitive dissonance. Others still will engage in the most visceral kind of civil disobedience. And on November 26 from sunrise to sunset we will abstain en masse – not only from holiday shopping, but from all the temptations of our five-planet lifestyles.

sábado, 20 de novembro de 2010
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Tomorrow begins Today II
In January 1996, the Zapatistas sent an invitation - for an intercontinental meeting - which concluded with the words "It is not necessary to conquer the world. It is sufficient to make it anew." The response was overwhelming. On July 27 of that year over 3,000 grassroots activists from over 40 countries spanning 5 continents gathered in Chiapas, Mexico with the aim of engaging in a collective process which raised important questions, shared stories of struggle, and started to look for some answers. Here are extracts from Subcommandante Marcos’ closing remarks of the First Intercontinental Encuentro for Humanity and Against Neoliberalism:
When this dream that awakens today in La Realidad began to be dreamed by us, we thought it would be a failure. We thought that, maybe, we could gather here a few dozen people from a handful of continents. We were wrong. As always, we were wrong. It wasn’t a few dozen, but thousands of human beings, those who came from the five continents to find themselves in the reality at the close of the twentieth century.
The word born within these mountains, these Zapatista mountains, found the ears of those who could listen, care for, and launch it a new, so that it might travel far away and circle the world. The sheer lunacy of calling to the five continents to reflect clearly on our past, our present, and our future, found that it wasn’t alone in its delirium. Soon lunacies from the whole planet began to work on bringing the dream to rest in La Realidad.
Who are they who dare to let their dreams meet with all the dreams of the world? What is happening in the mountains of the Mexican Southeast that finds an echo and a mirror in the streets of Europe, the suburbs of Asia, the countryside of America, the townships of Africa, and the houses of Oceania? What is it that is happening with the peoples of these five continents who, so we are all told, only encounter each other to compete or make war ? Wasn’t this turn of the century synonymous with despair, bitterness, and cynicism? From where and how did all these dreams come to La Realidad?
May Europe speak and recount the long bridge of its gaze, crossing the Atlantic and history in order to rediscover itself in La Realidad. May Asia speak and explain the gigantic leap of its heart to arrive and beat in La Realidad. May Africa speak and describe the long sailing of its restless image to come to reflect upon itself in La Realidad. May Oceania speak and tell of the multiple flight of its thought to come to rest in La Realidad. May America speak and remember its swelling hope to come to renew itself in La Realidad. May the five continents speak and everyone listen. May humanity suspend for a moment its silence of shame and anguish.
May humanity speak.
May humanity listen....
Each country,
each city,
each countryside,
each house,
each person,
each is a large or small battleground.
On the one side is neoliberalism with all its repressive power and all its machinery of death; on the other side is the human being.
In any place in the world, anytime, any man or woman rebels to the point of tearing off the clothes that resignation has woven for them and cynicism has dyed grey. Any man or woman, of whatever colour, in whatever tongue, speaks and says to himself, to herself: Enough is enough! !Ya Basta!
For struggling for a better world all of us are fenced in, threatened with death. The fence is reproduced globally. In every continent, every city, every countryside, every house. Power’s fence of war closes in on the rebels, for whom humanity is a l ways grateful.
But fences are broken.
In every house,
in every countryside,
in every city,
in every state,
in every country,
on every continent,the rebels, whom history repeatedly has given the length of its long trajectory, struggle and the fence is broken. The rebels search each other out. They walk toward one another. They find each other and together break other fences.
In the countrysides and cities, in the states, in the nations, on the continents, the rebels begin to recognise each other, to know themselves as equals and different. They continue on their fatiguing walk, walking as it is now necessary to walk, that is to say, struggling...
A reality spoke to them then. Rebels from the five continents heard it and set off walking. Some of the best rebels from the five continents arrived in the mountains of the Mexican Southeast. All of them brought their ideas, their hearts, their worlds. They came to La Realidad to find themselves in others’ ideas, in others’ reasons, in others’ worlds.
A world made of many worlds found itself these days in the mountains of the Mexican Southeast. A world made of many worlds opened a space and established its right to exist, raised the banner of being necessary, stuck itself in the middle of earth’s reality to announce a better future. But what next?
A new number in the useless enumeration of the numerous international orders?
A new scheme that calms and alleviates the anguish of having no solution?
A global program for world revolution?
A utopian theory so that it can maintain a prudent distance from the reality that anguishes us?
A scheme that assures each of us a position, a task, a title, and no work?
The echo goes, a reflected image of the possible and forgotten: the possibility and necessity of speaking and listening; not an echo that fades away, or a force that decreases after reaching its apogee . Let it be an echo that breaks barriers and re-echoes. Let it be an echo of our own smallness, of the local and particular, which reverberates in an echo of our own greatness, the intercontinental and galactic. An echo that recognises the existence of the other and does not overpower or attempt to silence it. An echo of this rebel voice transforming itself and renewing itself in other voices.
An echo that turns itself into many voices, into a network of voices that, before Power’s deafness, opts to speak to itself, knowing itself to be one and many. Let it be a network of voices that resist the war that the Power wages on them. A network of voices that not only speak, but also struggle and resist for humanity and against neoliberalism .
The world, with the many worlds that the world needs, continues. Humanity, recognising itself to be plural, different, inclusive, tolerant of itself, full of hope, continues. The human and rebel voice, consulted on the five continents in order to become a network of voices and of resistances, continues.
We declare:
That we will make a collective network of all our particular struggles and resistances. An intercontinental network of resistance against neoliberalism, an intercontinental network of resistance for humanity.
This intercontinental network of resistance, recognising differences and acknowledging similarities, will search to find itself with other resistances around the world.
This intercontinental network of resistance is not an organising structure; it doesn’t have a central head or decision maker; it has no central command or hierarchies. We are the network, all of us who resist.

[This is an edited version of the original Zapatista declaration - August 3 1996]
When this dream that awakens today in La Realidad began to be dreamed by us, we thought it would be a failure. We thought that, maybe, we could gather here a few dozen people from a handful of continents. We were wrong. As always, we were wrong. It wasn’t a few dozen, but thousands of human beings, those who came from the five continents to find themselves in the reality at the close of the twentieth century.
The word born within these mountains, these Zapatista mountains, found the ears of those who could listen, care for, and launch it a new, so that it might travel far away and circle the world. The sheer lunacy of calling to the five continents to reflect clearly on our past, our present, and our future, found that it wasn’t alone in its delirium. Soon lunacies from the whole planet began to work on bringing the dream to rest in La Realidad.
Who are they who dare to let their dreams meet with all the dreams of the world? What is happening in the mountains of the Mexican Southeast that finds an echo and a mirror in the streets of Europe, the suburbs of Asia, the countryside of America, the townships of Africa, and the houses of Oceania? What is it that is happening with the peoples of these five continents who, so we are all told, only encounter each other to compete or make war ? Wasn’t this turn of the century synonymous with despair, bitterness, and cynicism? From where and how did all these dreams come to La Realidad?
May Europe speak and recount the long bridge of its gaze, crossing the Atlantic and history in order to rediscover itself in La Realidad. May Asia speak and explain the gigantic leap of its heart to arrive and beat in La Realidad. May Africa speak and describe the long sailing of its restless image to come to reflect upon itself in La Realidad. May Oceania speak and tell of the multiple flight of its thought to come to rest in La Realidad. May America speak and remember its swelling hope to come to renew itself in La Realidad. May the five continents speak and everyone listen. May humanity suspend for a moment its silence of shame and anguish.
May humanity speak.
May humanity listen....
Each country,
each city,
each countryside,
each house,
each person,
each is a large or small battleground.
On the one side is neoliberalism with all its repressive power and all its machinery of death; on the other side is the human being.
In any place in the world, anytime, any man or woman rebels to the point of tearing off the clothes that resignation has woven for them and cynicism has dyed grey. Any man or woman, of whatever colour, in whatever tongue, speaks and says to himself, to herself: Enough is enough! !Ya Basta!
For struggling for a better world all of us are fenced in, threatened with death. The fence is reproduced globally. In every continent, every city, every countryside, every house. Power’s fence of war closes in on the rebels, for whom humanity is a l ways grateful.
But fences are broken.
In every house,
in every countryside,
in every city,
in every state,
in every country,
on every continent,the rebels, whom history repeatedly has given the length of its long trajectory, struggle and the fence is broken. The rebels search each other out. They walk toward one another. They find each other and together break other fences.
In the countrysides and cities, in the states, in the nations, on the continents, the rebels begin to recognise each other, to know themselves as equals and different. They continue on their fatiguing walk, walking as it is now necessary to walk, that is to say, struggling...
A reality spoke to them then. Rebels from the five continents heard it and set off walking. Some of the best rebels from the five continents arrived in the mountains of the Mexican Southeast. All of them brought their ideas, their hearts, their worlds. They came to La Realidad to find themselves in others’ ideas, in others’ reasons, in others’ worlds.
A world made of many worlds found itself these days in the mountains of the Mexican Southeast. A world made of many worlds opened a space and established its right to exist, raised the banner of being necessary, stuck itself in the middle of earth’s reality to announce a better future. But what next?
A new number in the useless enumeration of the numerous international orders?
A new scheme that calms and alleviates the anguish of having no solution?
A global program for world revolution?
A utopian theory so that it can maintain a prudent distance from the reality that anguishes us?
A scheme that assures each of us a position, a task, a title, and no work?
The echo goes, a reflected image of the possible and forgotten: the possibility and necessity of speaking and listening; not an echo that fades away, or a force that decreases after reaching its apogee . Let it be an echo that breaks barriers and re-echoes. Let it be an echo of our own smallness, of the local and particular, which reverberates in an echo of our own greatness, the intercontinental and galactic. An echo that recognises the existence of the other and does not overpower or attempt to silence it. An echo of this rebel voice transforming itself and renewing itself in other voices.
An echo that turns itself into many voices, into a network of voices that, before Power’s deafness, opts to speak to itself, knowing itself to be one and many. Let it be a network of voices that resist the war that the Power wages on them. A network of voices that not only speak, but also struggle and resist for humanity and against neoliberalism .
The world, with the many worlds that the world needs, continues. Humanity, recognising itself to be plural, different, inclusive, tolerant of itself, full of hope, continues. The human and rebel voice, consulted on the five continents in order to become a network of voices and of resistances, continues.
We declare:
That we will make a collective network of all our particular struggles and resistances. An intercontinental network of resistance against neoliberalism, an intercontinental network of resistance for humanity.
This intercontinental network of resistance, recognising differences and acknowledging similarities, will search to find itself with other resistances around the world.
This intercontinental network of resistance is not an organising structure; it doesn’t have a central head or decision maker; it has no central command or hierarchies. We are the network, all of us who resist.

[This is an edited version of the original Zapatista declaration - August 3 1996]
Tomorrow begins Today I
I know of a place not so far away
Where no government holds sway
Where no Prime Minister is given the time of day
Where the people demand to have a say
And they say tomorrow begins today
So I know I have to find a way
I'm leaving, leaving today
To where no fences may bar my way
Where my imagination
Can be led astray
'Cause Tomorrow begins Today
Tomorrow begins Today

Where no government holds sway
Where no Prime Minister is given the time of day
Where the people demand to have a say
And they say tomorrow begins today
So I know I have to find a way
I'm leaving, leaving today
To where no fences may bar my way
Where my imagination
Can be led astray
'Cause Tomorrow begins Today
Tomorrow begins Today
Asian Dub Foundation

quarta-feira, 10 de novembro de 2010
We have been metamorphosised

"There are no longer 'dancers.' the possessed.
The cleavage of men into actor and spectators is the central fact of our time.
We are obsessed with heroes who live for us and whom we punish.
If all the radios and televisions were deprived of their sources of power, all books and paintings burned tomorrow, all shows and cinemas closed, all the arts of vicarious existence...
We are content in the 'given' in sensation's quest.
We have been metamorphosised from a mad body dancing on hillsides to a pair of eyes staring in the dark."
The Lords and the New Creatures
James Douglas Morrison.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
sábado, 16 de outubro de 2010
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Mantra - a Deus o que é de Deus
A deus o que é de Deus
Marcha a família
In nomine dei
A Deus o que é de Deus
Desde que este Deus fique fora das minhas terras
Há Deus?
O que é de Deus?
O que é do Homem?
Deus?
In nomine dei? In domine homine?
Há nomine?
E foi assim
In nomine dei
Expulsos do Eden
Cercamento dos campos já no antigo testamento?
E foi comer o pão com o suor do próprio rosto
O pão nosso de cada dia
Suor nosso de cada dia
Patrão nosso de cada dia
É tempo que passa:
Mas não tem pão?
Que comam brioche
Mas não tem chão
Almejem o céu
Enfim com convicção:
A Deus o que é de Deus
E separou cristãos de fariseus
E não restou um só cristão
Que em nome de alguém dissesse
Ao homem o que é do homem
E a terra dividida ficou com poucos
E a igreja muito unida rezou por todos
em nome de poucos
Rezou em causa própria
Rogou por todos poucos que tinham pão todos os dias
E os sem pão
Tinham o suor salgado do salário pouco
E o tempo foi passando
e a fé foi terminando
o nome Deus ficou distante
palavra santa ficou descrente
Enfim todo cristão em fariseu se fez
pois o próximo ficou distante
Na cruz pregou-se a palavra feita em carne
E a palavra ficou muda
Pois cada uma de suas letras fico truncada
Trancadas nas mãos dos poucos que a guardavam
Pois muitos já não mais liam, ou nunca leram
Os olhos já se cansaram
De tanto olho por olho
De tanto dente por dente
Mesmo quando não mais dentes na boca havia
Os olhos já se cansaram
Os olhos ainda não cegos de tanto olho por olho analfaliam
Não mais:
A Deus o que é de Deus;
Mas sim:
Adeus ao que é de Deus!
Os olhos analfaleram
Antes da total cegueira do olho por olho nosso de cada dia
A outra face não mais cabia
Raimundo Beato
Marcha a família
In nomine dei
A Deus o que é de Deus
Desde que este Deus fique fora das minhas terras
Há Deus?
O que é de Deus?
O que é do Homem?
Deus?
In nomine dei? In domine homine?
Há nomine?
E foi assim
In nomine dei
Expulsos do Eden
Cercamento dos campos já no antigo testamento?
E foi comer o pão com o suor do próprio rosto
O pão nosso de cada dia
Suor nosso de cada dia
Patrão nosso de cada dia
É tempo que passa:
Mas não tem pão?
Que comam brioche
Mas não tem chão
Almejem o céu
Enfim com convicção:
A Deus o que é de Deus
E separou cristãos de fariseus
E não restou um só cristão
Que em nome de alguém dissesse
Ao homem o que é do homem
E a terra dividida ficou com poucos
E a igreja muito unida rezou por todos
em nome de poucos
Rezou em causa própria
Rogou por todos poucos que tinham pão todos os dias
E os sem pão
Tinham o suor salgado do salário pouco
E o tempo foi passando
e a fé foi terminando
o nome Deus ficou distante
palavra santa ficou descrente
Enfim todo cristão em fariseu se fez
pois o próximo ficou distante
Na cruz pregou-se a palavra feita em carne
E a palavra ficou muda
Pois cada uma de suas letras fico truncada
Trancadas nas mãos dos poucos que a guardavam
Pois muitos já não mais liam, ou nunca leram
Os olhos já se cansaram
De tanto olho por olho
De tanto dente por dente
Mesmo quando não mais dentes na boca havia
Os olhos já se cansaram
Os olhos ainda não cegos de tanto olho por olho analfaliam
Não mais:
A Deus o que é de Deus;
Mas sim:
Adeus ao que é de Deus!
Os olhos analfaleram
Antes da total cegueira do olho por olho nosso de cada dia
A outra face não mais cabia
Raimundo Beato
domingo, 10 de outubro de 2010
As Alienações
As Alienações, 1964/1985
1
nos conventos fala-se em marx
nas casernas fala-se em deus
entre a cruz e a espada paira deus
entre farda e batina paira marx
a deus o que é de deus
a marx o que é de marx
deus ex marxina
2
pingue pongue
pingue pongue
sábado domingo
pingue pongue
pingue pongue
puteiro missa
pingue pongue
pingue pongue
vagina hóstia
pinguepongue
sabadomingo
pumisseteiro
vaginóstia
3 (haikais/1964)
oh, "paus d'arco em flor"
bashô! 1o. de abril
pau-brasil em dor
faunos verde-oliva
desfilam na linha dura
os phalos falidos
marcha da família
com deus pela liberdade
masturbam-se hienas
desemprego em minas
porta-aviões bebe bilhões
oh, minas gerais!
filhas de maria
cardeal contra o monoquíni
filhas de biquíni
família unida
reza & rouba sempre unida
oh, tempos de paz!
reformas de base
a grama já amarelece
bashô, nada muda
castelo de cartas
castelo mal-assombrado
brasil branco, branco
José Lino Grunewald
1
nos conventos fala-se em marx
nas casernas fala-se em deus
entre a cruz e a espada paira deus
entre farda e batina paira marx
a deus o que é de deus
a marx o que é de marx
deus ex marxina
2
pingue pongue
pingue pongue
sábado domingo
pingue pongue
pingue pongue
puteiro missa
pingue pongue
pingue pongue
vagina hóstia
pinguepongue
sabadomingo
pumisseteiro
vaginóstia
3 (haikais/1964)
oh, "paus d'arco em flor"
bashô! 1o. de abril
pau-brasil em dor
faunos verde-oliva
desfilam na linha dura
os phalos falidos
marcha da família
com deus pela liberdade
masturbam-se hienas
desemprego em minas
porta-aviões bebe bilhões
oh, minas gerais!
filhas de maria
cardeal contra o monoquíni
filhas de biquíni
família unida
reza & rouba sempre unida
oh, tempos de paz!
reformas de base
a grama já amarelece
bashô, nada muda
castelo de cartas
castelo mal-assombrado
brasil branco, branco
José Lino Grunewald
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
A Marcha das Utopias
não era esta a indepêndencia que eu sonhava
não era esta a república que eu sonhava
não era este o socialismo que eu sonhava
não era este o apocalipse que eu sonhava
José Paulo Paes
não era esta a república que eu sonhava
não era este o socialismo que eu sonhava
não era este o apocalipse que eu sonhava
José Paulo Paes
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Morrer
Morrer
------------é
--------------------esque...
--------------------------------------SER
Salvador Passos
------------é
--------------------esque...
--------------------------------------SER
Salvador Passos
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Metalinguagem
A palavra verdade é mentira
Não há verdade sozinha
Em cada esquina da trilha
Alguma verdade caminha
As letras dos ditos declaram
Palavra sozinha
não cabe na frase
Só cabe na margem
Sozinha de frase
Sozinha de nome
Solitária de sentido
Sozinha de som
Quase a palavra silêncio
Mas a palavra silêncio não cala
Se diz
Palvra sozinha é palavra
Pois toda palavra é tudo
Somente a palavra palavra
é tão somente palavra
Toda palavra sozinha se diz
Toda palavra palavra se lê
Até a palavra silêncio se fala
Até a palavra deserta tem sede
Mesmo a palavra sozinha fala com a palavra ao seu lado
Puxando logo um assunto
Então a frase não para
só na palavra sozinha
A palavra sozinha não sabe ser solitária
Mata logo o silêncio
Neste poema sincero
Faço a palavra sozinha
Tornar-se palavra assassina
Não a palavra que mata
Mas àquela que ressucita
Ela sozinha não fica
Logo logo se excita
A frase lhe nega sentido
De que adianta o sentido
Se sentir não se sente
Não vale a língua dizer
Se ela não fala a verdade
O poema é tudo mentira
Palavra é tudo sincera
Não sabe mentir caladinha
Não sabe ferir o leitor
Já conta logo historinha
Para não deixar o poema
Ficar tristonho assustado
Em estado de puro absurdo
A língua não mente sozinha
Quem arquiteta é o poeta
Palavra poeta não rima
Palavra poeta não poeta
Fica sozinha, calada
Mas palavra silêncio não cala
A palavra rebelde poema a vida inteira
Servindo à todos a mentira sincera de tudo
Se fosse tudo palavra sincera
Nada seria inteiro
A palavra é meta...
...................de
...................fora
...................linguagem
Salvador Passos
Não há verdade sozinha
Em cada esquina da trilha
Alguma verdade caminha
As letras dos ditos declaram
Palavra sozinha
não cabe na frase
Só cabe na margem
Sozinha de frase
Sozinha de nome
Solitária de sentido
Sozinha de som
Quase a palavra silêncio
Mas a palavra silêncio não cala
Se diz
Palvra sozinha é palavra
Pois toda palavra é tudo
Somente a palavra palavra
é tão somente palavra
Toda palavra sozinha se diz
Toda palavra palavra se lê
Até a palavra silêncio se fala
Até a palavra deserta tem sede
Mesmo a palavra sozinha fala com a palavra ao seu lado
Puxando logo um assunto
Então a frase não para
só na palavra sozinha
A palavra sozinha não sabe ser solitária
Mata logo o silêncio
Neste poema sincero
Faço a palavra sozinha
Tornar-se palavra assassina
Não a palavra que mata
Mas àquela que ressucita
Ela sozinha não fica
Logo logo se excita
A frase lhe nega sentido
De que adianta o sentido
Se sentir não se sente
Não vale a língua dizer
Se ela não fala a verdade
O poema é tudo mentira
Palavra é tudo sincera
Não sabe mentir caladinha
Não sabe ferir o leitor
Já conta logo historinha
Para não deixar o poema
Ficar tristonho assustado
Em estado de puro absurdo
A língua não mente sozinha
Quem arquiteta é o poeta
Palavra poeta não rima
Palavra poeta não poeta
Fica sozinha, calada
Mas palavra silêncio não cala
A palavra rebelde poema a vida inteira
Servindo à todos a mentira sincera de tudo
Se fosse tudo palavra sincera
Nada seria inteiro
A palavra é meta...
...................de
...................fora
...................linguagem
Salvador Passos
Verdadeira Mente
A verdade plena
Tão absoluta
Não subjetiva
Nunca foi inteira
A verdade é luta
Como uma disputa
Coração e Mente
Mente inteiramente
Na metade inteira
Da verdade plena
Não é verdadeira
A verdade inteira
A palavra mente
Mente plenamente
Na conquista bruta
Destas tolas mentes
Verdadeiramente
a palavra mente
Verdadeira Mente
xxxxxxxxxxxxxxxxxx
A verdade nua
Só será verdade
Se for sempre a tua
A verdade crua
xxxxxxxxxxxxxxxxxx
Salvador Passos
Tão absoluta
Não subjetiva
Nunca foi inteira
A verdade é luta
Como uma disputa
Coração e Mente
Mente inteiramente
Na metade inteira
Da verdade plena
Não é verdadeira
A verdade inteira
A palavra mente
Mente plenamente
Na conquista bruta
Destas tolas mentes
Verdadeiramente
a palavra mente
Verdadeira Mente
xxxxxxxxxxxxxxxxxx
A verdade nua
Só será verdade
Se for sempre a tua
A verdade crua
xxxxxxxxxxxxxxxxxx
Salvador Passos
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
O ano da morte de Ricardo Reis
Vai Ricardo Reis a descer a Rua dos Sapateiros quando vê Fernando Pessoa. Está parado à esquina da Rua Santa Justa, a olhá-lo como quem espera, mas não impaciente.Traz o mesmo fato preto, tem a cabeça descoberta, e, pormenor em que Ricardo Reis não tinha reparado da primeira vez, não usa óculos, julga compreender porquê, seria absurdo e de mau gosto sepultar alguém tendo postos os óculos que usou em vida, mas a razão é outra, é que não chegaram a dar-lhos quando no momento de morrer os pediu, Dá-me os óculos, disse e ficou sem ver, nem sempre vamos a tempo de satisfazer últimas vontades. Fernando Pessoa sorri e dá as boas-tardes, respondeu Ricardo Reis da mesma maneira, e ambos seguem na direção do Terreiro do Paço, um pouco adiante começa a chover, o guarda-chuva cobre os dois, embora a Fernando Pessoa o não possa molhar esta água, foi o movimento de alguém que ainda não se esqueceu por completo da vida, ou teria sido apenas o apelo reconfortador de um mesmo próximo tecto, Chegue-se para cá que cabemos os dois, a isto não se vai responder, Não precisa, vou bem aqui. Ricardo Reis tem uma curiosidade para satisfazer, Quem estiver a olhar para nós, a quem é que vê, a si ou a mim, Vê-o a si, ou melhor, vê o vulto que não é você nem eu, Uma soma de nós ambos dividida por dois, Não, diria antes que o produto da multiplicação de um pelo outro, Existe essa aritimética, Dois, sejam eles quem forem, não se somam, multiplicam-se, Crescei e multiplicai-vos, diz o preceito, Não é nesse sentido curto, biológico, aliás com muitas excepções, de mim, por exemplo, não ficaram filhos, De mim também não vai ficar, creio, E no entanto somos múltiplos, Tenho uma ode em que digo que vivem em nós inúmeros, Que me lembre, essa não é do nosso tempo, Escrevi-a vai para dois meses, Como vê, cada um de nós, por seu lado, vai dizendo o mesmo, Então não valeu a pena estarmos multiplicados, Doutra maneira não teríamos sido capazes de o dizer. Preciosa conversação esta, paúlica, interseccionista, pela Rua dos Sapateiros abaixo até à da Conceição, daí virando à esquerda para a Augusta, outra vez em frente, disse Ricardo Reis parando, Entramos no Martinho, e Fernando Pessoa, com um gesto sacudido, Seria imprudente, as paredes têm olhos e boa memória, outro dia podemos lá ir sem que haja perigo de me reconhecerem, é uma questão de tempo. Pararam ali, debaixo da arcada, Ricardo Reis fechou o guarda-chuva, e disse, não a propósito, Estou a pensar em instalar-me, em abrir um consultório, Então já não regressa ao Brasil, porquê, É difícil responder, não sei mesmo se saberia encontrar resposta, digamos que estou como o insone que achou o lugar certo da almofada e vai poder, enfim adormecer, Se veio para dormir, a terra é boa para isso, Entenda a comparação ao contrário, ou então, que se aceito o sono é para poder sonhar, Sonhar é ausência, é estar do lado de lá, Mas a vida tem dois lados, Pessoa, pelo menos dois, ao outro só pelo sonho conseguimos chegar, Dizer isso a um morto, que lhe pode responder, com o saber feito da experiência, que do outro lado da vida é só a morte, Não sei o que é a morte, mas não creio que seja esse outro lado da vida de que se fala, a morte, penso eu, limita-se a ser, a morte é, não existe, é, Ser e existir, então não são idênticos, Não meu caro Reis, ser e existir só não são idênticos porque temos as duas palavras ao nosso dispor, pelo contrário, é porque não são idênticos que temos as duas palavras e as usamos. Ali debaixo daquela arcada, disputando, enquanto a chuva criava minúsculos lagos no terreiro, depois reunia-os em lagos maiores que eram poças, charcos, ainda não seria desta vez que Ricardo Reis iria até ao cais ver baterem as ondas, começava a dizer isto mesmo, a lembrar que aqui estivera, e ao olhar para o lado viu que Fernando Pessoa se afastava, só agora notava que as calças lhe estavam curtas, parecia que de deslocava em andas, enfim ouviu-lhe a voz próxima, embora estivesse ali adiante, Continuaremos esta conversa noutra altura, agora tenho de ir, lá longe, já debaixo da chuva, acenou com a mão, mas não se despedia, eu volto.
José Saramgo
José Saramgo
Horizonte
Só havia eu em nada feito
De(s)feito de nascença
Esse não ser exato que me faz ser assim não sendo sempre
Não sou mais
Não sou menos
Só esse arrastado estar em algum outro lugar
Raimundo Beato
De(s)feito de nascença
Esse não ser exato que me faz ser assim não sendo sempre
Não sou mais
Não sou menos
Só esse arrastado estar em algum outro lugar
Raimundo Beato
terça-feira, 21 de setembro de 2010
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Tejo

Sou,
sem ter sido
Estou,
sem ter ficado
Voltei,
sem ter chegado
Nestas idas sem voltas
Reviravoltas das palavras
Que dizem o que não foi
Mas que mesmo não sendo,
foram acontecendo
Um Tejo
Que apesar de rio
é mar
E mesmo sendo
Não é
Não é Tejo na aldeia em que nasceu
Chega sem ter partido
Pois outro nome o leva onde chega
É o Tejo o meu rio pois não é
Tão somente é lembrança
Como a língua (das palavras que não falo)
Não é minha
Este rio também não
É herança que não chega
Sempre falta
Não me basta
Esta língua
Das palavras que não calam
Só carrega mais lembrança
Da saudade que só há
Nesta fala lusitana
Que de lusa não se dá
Na herança que não tenho
É meu rio este Tejo?
Sou eu este que invejo
Esta gente d`além mar?
Vem de longe
Desde antes
Tão mais antes
Que nem sei
Se desde sempre
Ou quem sabe
Desde nunca
Vem de terra
Vem de vela
Atravessa denso mar
Mas não chega
Esta gente
Esta fala
Este rio (que não é)
É linguagem
Nada é tudo
Tudo passa
Tudo é nada
Ele passa
Mas não chega
Não me canso de lembrar
Ele passa
Tudo passa
Mas não cansa
Não se cansa de passar
Ele passa
Ele passa
Outro rio
Eu não passo
Não me canso de pensar
Ele passa
Outro rio
Não meu Rio
Como a língua
Mais lembrança
Que verdade
Mais herança
Que palavra
Não alcança
Sempre falta
Nunca chega este rio
Da palavra que não há
Outro rio d´outro povo
Ele passa mas não passa
É distância
Neste rio que me leva
Outro nome me carrega
Ao rio que não sou
Raimundo Beato
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Sobre as pesquisas científicas
Sobre as pesquisas científicas, ratos brancos murmuram nos laboratórios: "Eles não se atreveriam a fazer isso com os ursos polares."
Ramón Gómez de la Serna
Ramón Gómez de la Serna
Grande Sertão
Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas.
O diabo é às brutas; mas Deus é traiçoeiro!
A colheita é comum, mas o capinar é sozinho.
O que lembro, tenho.
Quem muito se evita, se convive.
Julgamento é sempre defeituoso, porque o que a gente julga é o passado.
Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.
Toda saudade é uma espécie de velhice.
Mocidade é tarefa para mais tarde se desmentir.
Sertão é onde manda quem é forte, com as astúcias. Deus mesmo, quando vier, que venha armado!
O sertão é do tamanho do mundo.
Sertão é dentro da gente.
O sertão é sem lugar.
O sertão não tem janelas, nem portas. E a regra é assim: ou o senhor bendito governa o sertão, ou o sertão maldito vos governa.
O sertão não chama ninguém às claras; mais, porém, se esconde e acena.
O sertão é uma espera enorme
Viver - não é? - é muito perigoso. Porque ainda não se sabe. Porque aprender-a-viver é que é o viver mesmo.
Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniães...
Um sentir é do sentente, mas outro é do sentidor.
Tudo é e não é.
João Guimarães Rosa
O diabo é às brutas; mas Deus é traiçoeiro!
A colheita é comum, mas o capinar é sozinho.
O que lembro, tenho.
Quem muito se evita, se convive.
Julgamento é sempre defeituoso, porque o que a gente julga é o passado.
Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.
Toda saudade é uma espécie de velhice.
Mocidade é tarefa para mais tarde se desmentir.
Sertão é onde manda quem é forte, com as astúcias. Deus mesmo, quando vier, que venha armado!
O sertão é do tamanho do mundo.
Sertão é dentro da gente.
O sertão é sem lugar.
O sertão não tem janelas, nem portas. E a regra é assim: ou o senhor bendito governa o sertão, ou o sertão maldito vos governa.
O sertão não chama ninguém às claras; mais, porém, se esconde e acena.
O sertão é uma espera enorme
Viver - não é? - é muito perigoso. Porque ainda não se sabe. Porque aprender-a-viver é que é o viver mesmo.
Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniães...
Um sentir é do sentente, mas outro é do sentidor.
Tudo é e não é.
João Guimarães Rosa
sábado, 4 de setembro de 2010
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Saia de mim
Saia de mim como suor
Tudo que eu sei de cor
Saia de mim como excreto
Tudo que está correto
Saia de mim
Saia de mim
Saia de mim como um peido
Tudo que for perfeito
Saia de mim como um grito
Tudo que eu acredito
Tudo que eu não esqueça
Tudo que for certeza
Saia de mim vomitado
Expelido, exorcizado
Tudo que está estagnado
Saia de mim como escarro
Espirro, pus, porra, sarro
Sangue, lágrima, catarro
Saia de mim a verdade
Saia de mim a verdade
Saia de mim a verdade
Arnaldo Antunes
Tudo que eu sei de cor
Saia de mim como excreto
Tudo que está correto
Saia de mim
Saia de mim
Saia de mim como um peido
Tudo que for perfeito
Saia de mim como um grito
Tudo que eu acredito
Tudo que eu não esqueça
Tudo que for certeza
Saia de mim vomitado
Expelido, exorcizado
Tudo que está estagnado
Saia de mim como escarro
Espirro, pus, porra, sarro
Sangue, lágrima, catarro
Saia de mim a verdade
Saia de mim a verdade
Saia de mim a verdade
Arnaldo Antunes
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
sábado, 21 de agosto de 2010
The Most Beautiful Woman In Town
Cass was the youngest and most beautiful of 5 sisters. Cass was the most beautiful girl in town. 1/2 Indian with a supple and strange body, a snake-like and fiery body with eyes to go with it. Cass was fluid moving fire. She was like a spirit stuck into a form that would not hold her. Her hair was black and long and silken and whirled about as did her body. Her spirit was either very high or very low. There was no in between for Cass. Some said she was crazy. The dull ones said that. The dull ones would never understand Cass. To the men she was simply a sex machine and they didn't care whether she was crazy or not. And Cass danced and flirted, kissed the men, but except for an instance or two, when it came time to make it with Cass, Cass had somehow slipped away, eluded the men.
Her sisters accused her of misusing her beauty, of not using her mind enough, but Cass had mind and spirit; she painted, she danced, she sang, she made things of clay, and when people were hurt either in the spirit or the flesh, Cass felt a deep grieving for them. Her mind was simply different; her mind was simply not practical. Her sisters were jealous of her because she attracted their men, and they were angry because they felt she didn't make the best use of them. She had a habit of being kind to the uglier ones; the so-called handsome men revolted her- "No guts," she said, "no zap. They are riding on their perfect little earlobes and well- shaped nostrils...all surface and no insides..." She had a temper that came close to insanity, she had a temper that some call insanity. Her father had died of alcohol and her mother had run off leaving the girls alone. The girls went to a relative who placed them in a convent. The convent had been an unhappy place, more for Cass than the sisters. The girls were jealous of Cass and Cass fought most of them. She had razor marks all along her left arm from defending herself in two fights. There was also a permanent scar along the left cheek but the scar rather than lessening her beauty only seemed to highlight it. I met her at the West End Bar several nights after her release from the convent. Being youngest, she was the last of the sisters to be released. She simply came in and sat next to me. I was probably the ugliest man in town and this might have had something to do with it.
"Drink?" I asked.
"Sure, why not?"
I don't suppose there was anything unusual in our conversation that night, it was simply in the feeling Cass gave. She had chosen me and it was as simple as that. No pressure. She liked her drinks and had a great number of them. She didn't seem quite of age but they served he anyhow. Perhaps she had forged i.d., I don't know. Anyhow, each time she came back from the restroom and sat down next to me, I did feel some pride. She was not only the most beautiful woman in town but also one of the most beautiful I had ever seen. I placed my arm about her waist and kissed her once.
"Do you think I'm pretty?" she asked.
"Yes, of course, but there's something else... there's more than your looks..."
"People are always accusing me of being pretty. Do you really think I'm pretty?"
"Pretty isn't the word, it hardly does you fair."
Cass reached into her handbag. I thought she was reaching for her handkerchief. She came out with a long hatpin. Before I could stop her she had run this long hatpin through her nose, sideways, just above the nostrils. I felt disgust and horror. She looked at me and laughed, "Now do you think me pretty? What do you think now, man?" I pulled the hatpin out and held my handkerchief over the bleeding. Several people, including the bartender, had seen the act. The bartender came down:
"Look," he said to Cass, "you act up again and you're out. We don't need your dramatics here."
"Oh, fuck you, man!" she said.
"Better keep her straight," the bartender said to me.
"She'll be all right," I said.
"It's my nose, I can do what I want with my nose."
"No," I said, "it hurts me."
"You mean it hurts you when I stick a pin in my nose?"
"Yes, it does, I mean it."
"All right, I won't do it again. Cheer up."
She kissed me, rather grinning through the kiss and holding the handkerchief to her nose. We left for my place at closing time. I had some beer and we sat there talking. It was then that I got the perception of her as a person full of kindness and caring. She gave herself away without knowing it. At the same time she would leap back into areas of wildness and incoherence. Schitzi. A beautiful and spiritual schitzi. Perhaps some man, something, would ruin her forever. I hoped that it wouldn't be me. We went to bed and after I turned out the lights Cass asked me,
"When do you want it? Now or in the morning?"
"In the morning," I said and turned my back.
In the morning I got up and made a couple of coffees, brought her one in bed. She laughed.
"You're the first man who has turned it down at night."
"It's o.k.," I said, "we needn't do it at all."
"No, wait, I want to now. Let me freshen up a bit."
Cass went into the bathroom. She came out shortly, looking quite wonderful, her long black hair glistening, her eyes and lips glistening, her glistening... She displayed her body calmly, as a good thing. She got under the sheet.
"Come on, lover man."
I got in. She kissed with abandon but without haste. I let my hands run over her body, through her hair. I mounted. It was hot, and tight. I began to stroke slowly, wanting to make it last. Her eyes looked directly into mine.
"What's your name?" I asked.
"What the hell difference does it make?" she asked.
I laughed and went on ahead. Afterwards she dressed and I drove her back to the bar but she was difficult to forget. I wasn't working and I slept until 2 p.m. then got up and read the paper. I was in the bathtub when she came in with a large leaf- an elephant ear.
"I knew you'd be in the bathtub," she said, "so I brought you something to cover that thing with, nature boy."
She threw the elephant leaf down on me in the bathtub.
"How did you know I'd be in the tub?"
"I knew."
Almost every day Cass arrived when I was in the tub. The times were different but she seldom missed, and there was the elephant leaf. And then we'd make love. One or two nights she phoned and I had to bail her out of jail for drunkenness and fighting.
"These sons of bitches," she said, "just because they buy you a few drinks they think they can get into your pants."
"Once you accept a drink you create your own trouble."
"I thought they were interested in me, not just my body."
"I'm interested in you and your body. I doubt, though, that most men can see beyond your body."
I left town for 6 months, bummed around, came back. I had never forgotten Cass, but we'd had some type of argument and I felt like moving anyhow, and when I got back i figured she'd be gone, but I had been sitting in the West End Bar about 30 minutes when she walked in and sat down next to me.
"Well, bastard, I see you've come back."
I ordered her a drink. Then I looked at her. She had on a high- necked dress. I had never seen her in one of those. And under each eye, driven in, were 2 pins with glass heads. All you could see were the heads of the pins, but the pins were driven down into her face.
"God damn you, still trying to destroy your beauty, eh?"
"No, it's the fad, you fool."
"You're crazy."
"I've missed you," she said.
"Is there anybody else?"
"No there isn't anybody else. Just you. But I'm hustling. It costs ten bucks. But you get it free."
"Pull those pins out."
"No, it's the fad."
"It's making me very unhappy."
"Are you sure?"
"Hell yes, I'm sure."
Cass slowly pulled the pins out and put them back in her purse.
"Why do you haggle your beauty?" I asked. "Why don't you just live with it?"
"Because people think it's all I have. Beauty is nothing, beauty won't stay. You don't know how lucky you are to be ugly, because if people like you you know it's for something else."
"O.k.," I said, "I'm lucky."
"I don't mean you're ugly. People just think you're ugly. You have a fascinating face."
"Thanks."
We had another drink.
"What are you doing?" she asked.
"Nothing. I can't get on to anything. No interest."
"Me neither. If you were a woman you could hustle."
"I don't think I could ever make contact with that many strangers, it's wearing."
"You're right, it's wearing, everything is wearing."
We left together. People still stared at Cass on the streets. She was a beautiful woman, perhaps more beautiful than ever. We made it to my place and I opened a bottle of wine and we talked. With Cass and I, it always came easy. She talked a while and I would listen and then i would talk. Our conversation simply went along without strain. We seemed to discover secrets together. When we discovered a good one Cass would laugh that laugh- only the way she could. It was like joy out of fire. Through the talking we kissed and moved closer together. We became quite heated and decided to go to bed. It was then that Cass took off her high -necked dress and I saw it- the ugly jagged scar across her throat. It was large and thick.
"God damn you, woman," I said from the bed, "god damn you, what have you done?
"I tried it with a broken bottle one night. Don't you like me any more? Am I still beautiful?"
I pulled her down on the bed and kissed her. She pushed away and laughed, "Some men pay me ten and I undress and they don't want to do it. I keep the ten. It's very funny."
"Yes," I said, "I can't stop laughing... Cass, bitch, I love you...stop destroying yourself; you're the most alive woman I've ever met."
We kissed again. Cass was crying without sound. I could feel the tears. The long black hair lay beside me like a flag of death. We enjoined and made slow and somber and wonderful love. In the morning Cass was up making breakfast. She seemed quite calm and happy. She was singing. I stayed in bed and enjoyed her happiness. Finally she came over and shook me,
"Up, bastard! Throw some cold water on your face and pecker and come enjoy the feast!"
I drove her to the beach that day. It was a weekday and not yet summer so things were splendidly deserted. Beach bums in rags slept on the lawns above the sand. Others sat on stone benches sharing a lone bottle. The gulls whirled about, mindless yet distracted. Old ladies in their 70's and 80's sat on the benches and discussed selling real estate left behind by husbands long ago killed by the pace and stupidity of survival. For it all, there was peace in the air and we walked about and stretched on the lawns and didn't say much. It simply felt good being together. I bought a couple of sandwiches, some chips and drinks and we sat on the sand eating. Then I held Cass and we slept together about an hour. It was somehow better than lovemaking. There was flowing together without tension. When we awakened we drove back to my place and I cooked a dinner. After dinner I suggested to Cass that we shack together. She waited a long time, looking at me, then she slowly said, "No." I drove her back to the bar, bought her a drink and walked out. I found a job as a parker in a factory the next day and the rest of the week went to working. I was too tired to get about much but that Friday night I did get to the West End Bar. I sat and waited for Cass. Hours went by . After I was fairly drunk the bartender said to me, "I'm sorry about your girlfriend."
"What is it?" I asked.
"I'm sorry, didn't you know?"
"No."
"Suicide. She was buried yesterday."
"Buried?" I asked. It seemed as though she would walk through the doorway at any moment. How could she be gone?
"Her sisters buried her."
"A suicide? Mind telling me how?"
"She cut her throat."
"I see. Give me another drink."
I drank until closing time. Cass was the most beautiful of 5 sisters, the most beautiful in town. I managed to drive to my place and I kept thinking, I should have insisted she stay with me instead of accepting that "no." Everything about her had indicated that she had cared. I simply had been too offhand about it, lazy, too unconcerned. I deserved my death and hers. I was a dog. No, why blame the dogs? I got up and found a bottle of wine and drank from it heavily. Cass the most beautiful girl in town was dead at 20. Outside somebody honked their automobile horn. They were very loud and persistent. I sat the bottle down and screamed out: "GOD DAMN YOU, YOU SON OF A BITCH ,SHUT UP!" The night kept coming and there was nothing I could do.
By Charles Bukowski
Her sisters accused her of misusing her beauty, of not using her mind enough, but Cass had mind and spirit; she painted, she danced, she sang, she made things of clay, and when people were hurt either in the spirit or the flesh, Cass felt a deep grieving for them. Her mind was simply different; her mind was simply not practical. Her sisters were jealous of her because she attracted their men, and they were angry because they felt she didn't make the best use of them. She had a habit of being kind to the uglier ones; the so-called handsome men revolted her- "No guts," she said, "no zap. They are riding on their perfect little earlobes and well- shaped nostrils...all surface and no insides..." She had a temper that came close to insanity, she had a temper that some call insanity. Her father had died of alcohol and her mother had run off leaving the girls alone. The girls went to a relative who placed them in a convent. The convent had been an unhappy place, more for Cass than the sisters. The girls were jealous of Cass and Cass fought most of them. She had razor marks all along her left arm from defending herself in two fights. There was also a permanent scar along the left cheek but the scar rather than lessening her beauty only seemed to highlight it. I met her at the West End Bar several nights after her release from the convent. Being youngest, she was the last of the sisters to be released. She simply came in and sat next to me. I was probably the ugliest man in town and this might have had something to do with it.
"Drink?" I asked.
"Sure, why not?"
I don't suppose there was anything unusual in our conversation that night, it was simply in the feeling Cass gave. She had chosen me and it was as simple as that. No pressure. She liked her drinks and had a great number of them. She didn't seem quite of age but they served he anyhow. Perhaps she had forged i.d., I don't know. Anyhow, each time she came back from the restroom and sat down next to me, I did feel some pride. She was not only the most beautiful woman in town but also one of the most beautiful I had ever seen. I placed my arm about her waist and kissed her once.
"Do you think I'm pretty?" she asked.
"Yes, of course, but there's something else... there's more than your looks..."
"People are always accusing me of being pretty. Do you really think I'm pretty?"
"Pretty isn't the word, it hardly does you fair."
Cass reached into her handbag. I thought she was reaching for her handkerchief. She came out with a long hatpin. Before I could stop her she had run this long hatpin through her nose, sideways, just above the nostrils. I felt disgust and horror. She looked at me and laughed, "Now do you think me pretty? What do you think now, man?" I pulled the hatpin out and held my handkerchief over the bleeding. Several people, including the bartender, had seen the act. The bartender came down:
"Look," he said to Cass, "you act up again and you're out. We don't need your dramatics here."
"Oh, fuck you, man!" she said.
"Better keep her straight," the bartender said to me.
"She'll be all right," I said.
"It's my nose, I can do what I want with my nose."
"No," I said, "it hurts me."
"You mean it hurts you when I stick a pin in my nose?"
"Yes, it does, I mean it."
"All right, I won't do it again. Cheer up."
She kissed me, rather grinning through the kiss and holding the handkerchief to her nose. We left for my place at closing time. I had some beer and we sat there talking. It was then that I got the perception of her as a person full of kindness and caring. She gave herself away without knowing it. At the same time she would leap back into areas of wildness and incoherence. Schitzi. A beautiful and spiritual schitzi. Perhaps some man, something, would ruin her forever. I hoped that it wouldn't be me. We went to bed and after I turned out the lights Cass asked me,
"When do you want it? Now or in the morning?"
"In the morning," I said and turned my back.
In the morning I got up and made a couple of coffees, brought her one in bed. She laughed.
"You're the first man who has turned it down at night."
"It's o.k.," I said, "we needn't do it at all."
"No, wait, I want to now. Let me freshen up a bit."
Cass went into the bathroom. She came out shortly, looking quite wonderful, her long black hair glistening, her eyes and lips glistening, her glistening... She displayed her body calmly, as a good thing. She got under the sheet.
"Come on, lover man."
I got in. She kissed with abandon but without haste. I let my hands run over her body, through her hair. I mounted. It was hot, and tight. I began to stroke slowly, wanting to make it last. Her eyes looked directly into mine.
"What's your name?" I asked.
"What the hell difference does it make?" she asked.
I laughed and went on ahead. Afterwards she dressed and I drove her back to the bar but she was difficult to forget. I wasn't working and I slept until 2 p.m. then got up and read the paper. I was in the bathtub when she came in with a large leaf- an elephant ear.
"I knew you'd be in the bathtub," she said, "so I brought you something to cover that thing with, nature boy."
She threw the elephant leaf down on me in the bathtub.
"How did you know I'd be in the tub?"
"I knew."
Almost every day Cass arrived when I was in the tub. The times were different but she seldom missed, and there was the elephant leaf. And then we'd make love. One or two nights she phoned and I had to bail her out of jail for drunkenness and fighting.
"These sons of bitches," she said, "just because they buy you a few drinks they think they can get into your pants."
"Once you accept a drink you create your own trouble."
"I thought they were interested in me, not just my body."
"I'm interested in you and your body. I doubt, though, that most men can see beyond your body."
I left town for 6 months, bummed around, came back. I had never forgotten Cass, but we'd had some type of argument and I felt like moving anyhow, and when I got back i figured she'd be gone, but I had been sitting in the West End Bar about 30 minutes when she walked in and sat down next to me.
"Well, bastard, I see you've come back."
I ordered her a drink. Then I looked at her. She had on a high- necked dress. I had never seen her in one of those. And under each eye, driven in, were 2 pins with glass heads. All you could see were the heads of the pins, but the pins were driven down into her face.
"God damn you, still trying to destroy your beauty, eh?"
"No, it's the fad, you fool."
"You're crazy."
"I've missed you," she said.
"Is there anybody else?"
"No there isn't anybody else. Just you. But I'm hustling. It costs ten bucks. But you get it free."
"Pull those pins out."
"No, it's the fad."
"It's making me very unhappy."
"Are you sure?"
"Hell yes, I'm sure."
Cass slowly pulled the pins out and put them back in her purse.
"Why do you haggle your beauty?" I asked. "Why don't you just live with it?"
"Because people think it's all I have. Beauty is nothing, beauty won't stay. You don't know how lucky you are to be ugly, because if people like you you know it's for something else."
"O.k.," I said, "I'm lucky."
"I don't mean you're ugly. People just think you're ugly. You have a fascinating face."
"Thanks."
We had another drink.
"What are you doing?" she asked.
"Nothing. I can't get on to anything. No interest."
"Me neither. If you were a woman you could hustle."
"I don't think I could ever make contact with that many strangers, it's wearing."
"You're right, it's wearing, everything is wearing."
We left together. People still stared at Cass on the streets. She was a beautiful woman, perhaps more beautiful than ever. We made it to my place and I opened a bottle of wine and we talked. With Cass and I, it always came easy. She talked a while and I would listen and then i would talk. Our conversation simply went along without strain. We seemed to discover secrets together. When we discovered a good one Cass would laugh that laugh- only the way she could. It was like joy out of fire. Through the talking we kissed and moved closer together. We became quite heated and decided to go to bed. It was then that Cass took off her high -necked dress and I saw it- the ugly jagged scar across her throat. It was large and thick.
"God damn you, woman," I said from the bed, "god damn you, what have you done?
"I tried it with a broken bottle one night. Don't you like me any more? Am I still beautiful?"
I pulled her down on the bed and kissed her. She pushed away and laughed, "Some men pay me ten and I undress and they don't want to do it. I keep the ten. It's very funny."
"Yes," I said, "I can't stop laughing... Cass, bitch, I love you...stop destroying yourself; you're the most alive woman I've ever met."
We kissed again. Cass was crying without sound. I could feel the tears. The long black hair lay beside me like a flag of death. We enjoined and made slow and somber and wonderful love. In the morning Cass was up making breakfast. She seemed quite calm and happy. She was singing. I stayed in bed and enjoyed her happiness. Finally she came over and shook me,
"Up, bastard! Throw some cold water on your face and pecker and come enjoy the feast!"
I drove her to the beach that day. It was a weekday and not yet summer so things were splendidly deserted. Beach bums in rags slept on the lawns above the sand. Others sat on stone benches sharing a lone bottle. The gulls whirled about, mindless yet distracted. Old ladies in their 70's and 80's sat on the benches and discussed selling real estate left behind by husbands long ago killed by the pace and stupidity of survival. For it all, there was peace in the air and we walked about and stretched on the lawns and didn't say much. It simply felt good being together. I bought a couple of sandwiches, some chips and drinks and we sat on the sand eating. Then I held Cass and we slept together about an hour. It was somehow better than lovemaking. There was flowing together without tension. When we awakened we drove back to my place and I cooked a dinner. After dinner I suggested to Cass that we shack together. She waited a long time, looking at me, then she slowly said, "No." I drove her back to the bar, bought her a drink and walked out. I found a job as a parker in a factory the next day and the rest of the week went to working. I was too tired to get about much but that Friday night I did get to the West End Bar. I sat and waited for Cass. Hours went by . After I was fairly drunk the bartender said to me, "I'm sorry about your girlfriend."
"What is it?" I asked.
"I'm sorry, didn't you know?"
"No."
"Suicide. She was buried yesterday."
"Buried?" I asked. It seemed as though she would walk through the doorway at any moment. How could she be gone?
"Her sisters buried her."
"A suicide? Mind telling me how?"
"She cut her throat."
"I see. Give me another drink."
I drank until closing time. Cass was the most beautiful of 5 sisters, the most beautiful in town. I managed to drive to my place and I kept thinking, I should have insisted she stay with me instead of accepting that "no." Everything about her had indicated that she had cared. I simply had been too offhand about it, lazy, too unconcerned. I deserved my death and hers. I was a dog. No, why blame the dogs? I got up and found a bottle of wine and drank from it heavily. Cass the most beautiful girl in town was dead at 20. Outside somebody honked their automobile horn. They were very loud and persistent. I sat the bottle down and screamed out: "GOD DAMN YOU, YOU SON OF A BITCH ,SHUT UP!" The night kept coming and there was nothing I could do.
By Charles Bukowski
Assinar:
Postagens (Atom)