A deus o que é de Deus
Marcha a família
In nomine dei
A Deus o que é de Deus
Desde que este Deus fique fora das minhas terras
Há Deus?
O que é de Deus?
O que é do Homem?
Deus?
In nomine dei? In domine homine?
Há nomine?
E foi assim
In nomine dei
Expulsos do Eden
Cercamento dos campos já no antigo testamento?
E foi comer o pão com o suor do próprio rosto
O pão nosso de cada dia
Suor nosso de cada dia
Patrão nosso de cada dia
É tempo que passa:
Mas não tem pão?
Que comam brioche
Mas não tem chão
Almejem o céu
Enfim com convicção:
A Deus o que é de Deus
E separou cristãos de fariseus
E não restou um só cristão
Que em nome de alguém dissesse
Ao homem o que é do homem
E a terra dividida ficou com poucos
E a igreja muito unida rezou por todos
em nome de poucos
Rezou em causa própria
Rogou por todos poucos que tinham pão todos os dias
E os sem pão
Tinham o suor salgado do salário pouco
E o tempo foi passando
e a fé foi terminando
o nome Deus ficou distante
palavra santa ficou descrente
Enfim todo cristão em fariseu se fez
pois o próximo ficou distante
Na cruz pregou-se a palavra feita em carne
E a palavra ficou muda
Pois cada uma de suas letras fico truncada
Trancadas nas mãos dos poucos que a guardavam
Pois muitos já não mais liam, ou nunca leram
Os olhos já se cansaram
De tanto olho por olho
De tanto dente por dente
Mesmo quando não mais dentes na boca havia
Os olhos já se cansaram
Os olhos ainda não cegos de tanto olho por olho analfaliam
Não mais:
A Deus o que é de Deus;
Mas sim:
Adeus ao que é de Deus!
Os olhos analfaleram
Antes da total cegueira do olho por olho nosso de cada dia
A outra face não mais cabia
Raimundo Beato
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
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